A lagoa pede socorro!
Foto
de José Conde da Rocha
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O problema é antigo e
cada vez se agrava mais.
Conforme aumenta
a população dos bairros vizinhos, mais poluentes são
despejados na lagoa.
Os postos de gasolina
jogam seus produtos químicos, os rios que ali
desembocam estão poluídos por esgotos e muitos
outros produtos nocivos.
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Peixes continuam a
morrer na Lagoa Rodrigo de Freitas
A Rodrigo de Freitas é, na
verdade, alimentada mais por água doce (chuva e rios) do que
pela água do mar. Sempre foi assim, mesmo quando era ocupada
pelos índios Tamoios (aqueles que mais tarde foram assassinados
pelo Governador Salema, como contamos na seção Festas Juninas - Origem, no Brasil e Nordeste
HISTÓRIA).
As opiniões são
desencontradas. As autoridades não se entendem. Cartas aos
jornais são verdadeiras pérolas. Um diz que a lagoa está
viva. Se assim não fosse não haveria tantos peixes morrendo.
Até tem lógica. Melhor seria dizer: a lagoa tinha vida; outro
leitor recomenda o aterro, pura e simplesmente, pois pouquíssimas
pessoas utilizam a lagoa para lazer e esportes náuticos.
Ipanema não ficaria tão espremida e poderia surgir um novo
bairro.Quem sabe até um novo Shopping, para alegria dos
especuladores e inimigos do planeta. Parece piada, mas dizem que
um governador quase aterrou a lagoa para fazer um outro bairro.
Várias medidas devem ser
adotadas imediatamente. Aumentar o Canal do Jardim de Alah, que
já teve mais de dois metros de profundidade e hoje tem apenas
alguns centímetros e alargá-lo são providências
fundamentais. Antes da construção do Jardim de Alah o canal
era bem mais largo e profundo. Já foram feitos estudos
para prolongá-lo cerca de duzentos metros. O prolongamento do
lado oeste (Leblon) poderia ser menor que o do lado leste
(Ipanema) para aproveitar as marés de sudoeste e suas fortes
ondas (1). A comporta do Jardim de Alah, construída para manter
um nível mínimo de água na lagoa (que está acima do nível
do mar) deveria ficar sempre aberta. As marés fariam o serviço
de renovação da água e manutenção do nível.
Foto
de Augusto Malta tirada no início do século 20.
A
lagoa ia até a "Pedreira do Baiano" e não
existia a ilha onde fica o Clube Caiçaras.
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Seria necessário aumentar a
fiscalização para evitar despejo de poluentes na lagoa, mesmo
havendo uma maior renovação de água.
Acabar com aterros. Isso
é fundamental. Muitos já ficaram ricos. Agora chega.
Ainda lembro (era garoto) dos
caminhões, em comboio, circulando entre a praia e o
Clube Caiçaras, quando este aumentou a sua área original em
mais de 100%. Deixavam um rastro de areia pela Epitácio Pessoa.
Para quem não percebeu na ocasião, pois o trabalho foi feito
muito depressa, e até durante a noite, os caminhões recebiam a
areia da praia, diretamente da draga que a retirava do Canal do
Jardim de Alá, e de lá seguiam para o Caiçaras. A areia era
colocada nos caminhões que faziam fila para receber e
transportar a preciosa carga. Toneladas foram retiradas do
Leblon para este e outros aterros particulares. Esta foi uma das
causas do desaparecimento "inexplicável" da praia
alguns anos depois. A natureza não perdoa. Sempre cobra as
agressões que sofre.
Mais tarde, junto ao Jóquei
outra grande área foi aterrada. Basta ir ao Corcovado e
comparar fotos mais antigas com a imagem atual.
Quem tem aquário em casa sabe
que, freqüentemente, faz-se necessário trocar parte da água.
Então, de imediato, devemos cuidar do Jardim de Alah,
aumentando e alargando o canal. Chega de estudos de viabilidade.
Isso é história antiga e vários estudos já foram feitos e
pagos. É hora de agir. O importante é começar a salvar o que
ainda resta, antes que algum governante maluquinho resolva
acreditar na sugestão do aterro.
1 - Os técnicos dizem que a
abertura deve ser para o lado de Ipanema, justamente para evitar
que as grandes ressacas originárias do sudoeste (Leblon) acabem
por demolir o enrocamento (email de um leitor que não
quis se identificar).
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