Alma Carioca

OS 80 ANOS DO LEBLON

Paulo Afonso de Almeida Teixeira

Em meados do século XIX viveu por aqui um francês, Charles Le Blond (o louro). Charles era dono das terras que vão da Av. Bartolomeu Mitre até o início da Av. Niemeyer.

Acreditem, ou não, o Leblon é uma ilha. Ao sul está o mar, o Oceano Atlântico, ao Norte, a Lagoa Rodrigo de Freitas. Ligando a lagoa ao mar está o canal do Jardim de Alah à leste. Finalmente, junto ao morro Dois Irmãos estende-se o canal da Av. Visconde de Albuquerque, que também liga a lagoa ao mar. Este canal, hoje poluido, já foi um canal de águas claras, cheio de robalos e camarões.

O Leblon tem pouco mais de 80 anos. Bons tempos aqueles, há mais de quarenta anos, quando aprendi a dirigir na Av. Delfim Moreira, orientando-me peda cabeça de leão de um velho Peugeot, contando as grandes placas que faziam a pavimentação da avenida. Estas placas ainda existem, escondidas pelo asfalto que foi colocado mais tarde.



O Jardim de Alah, fronteira com Ipanema, já foi um lugar muito agradável na década de 50, onde as crianças andavam de cavalos, charretes e bodinhos, onde se podia passear de barco pelas águas claras do canal, indo até quase o meio da lagoa. Os balões de gás faziam a alegria da garotada. Os cavalos cruzavam a San Martin galopando, sem o risco de trombar com algum veículo ou precisar aguardar a luz verde de algum sinal, inexistente na época. Não havia calçamento, apenas uma rua de terra.

Os cavalos e bodinhos descansavam numa chácara, junto a uma grande pedreira, que remotamente já foi uma ilha, onde hoje está sendo construido um Shopping, na Rua Professor Antônio Maria Teixeira (em 1960 esta rua não existia, havia uma favela).



Imagem aérea do Leblon, próximo ao Jardim de Alah, na década de 1960. Ao centro estão os três prédios que formam o Conjunto dos Jornalistas. Um pouco abaixo estão os dez edifícios da Cruzada São Sebastião. Podemos ver, também, a Av. Afrânio de Melo Franco e os Clubes Monte Líbano e AABB

Na Av. Ataulfo de Paiva, 50 existem três grandes (grandes?) edifícios, conhecidos por Conjunto dos Jornalistas. Tem este nome porque o IAPC, que os construiu, destinou a maior parte das unidades aos jornalistas, para manter sempre um bom relacionamento com a imprensa e calar a boca (ou a pena) daqueles que porventura tivessem a intenção de denunciar algum fato menos sério. Será verdade? É o que se falava na época. Alguns apartamentos foram destinados a ex-pracinhas e (aí sim) a comerciários que pagavam aluguel e estavam com ordem de despejo. Foi aí, nesta última situação, que voltei a morar no Leblon, com quatorze anos de idade.

Os prédios dos jornalistas eram os mais altos da região, tanto do Leblon quanto de Ipanema, constando de cartas náuticas para orientação de navios que chegavam à nossa cidade. Podiam ser vistos de toda a praia, até do Arpoador. Hoje seus quinze andares estão perdidos em meio a tantos espigões, herança da era Sérgio Dourado.

Mas voltando ao Leblon, somente em 1918 acontece a primeira ligação com Ipanema, pela praia. O Leblon não tinha luz elétrica, pois esta só chegava a Ipanema. Havia poucas ruas, uma delas a do Sapé, que ia do Largo das Três Vendas (Praça do Jóquei) até o Largo da Memória. Seria, hoje, a parte final da Bartolomeu Mitre. A rua Tubira também já existia, sendo a ligação para as areias da Praia do Zé do Pinto, que mais tarde deu lugar à favela da Praia do Pinto, uma das maiores da Zona Sul do Rio.

Diz a história do Leblon que, nos primeiros tempos, o Largo da Memória ficava, mais ou menos, entre as ruas Tubira e Juquiá, defronte ao atual quartel da PM. Havia uma trilha, simples caminho de areia, que partia do Largo da Memória, seguia pela Praia do Pinto com o nome de Travessa do Pau (Rua Conde de Bernadotte) e ia em direção ao mar. Mas antes passava pela Pedra do Bahiano (atrás do Conjunto dos Jornalistas) para encontrar o Caminho da Barra, que é como se chamava a margem do Canal no Jardim de Alah.



Esta foto de Augusto Malta, tirada no início do século passado, quando a praia ainda se chamava 'da restinga' , mostra nitidamente a "Travessa do Pau". Junto ao canal e à lagoa está a Pedreira do Baiano. À direita está a "Travessa do Pau", de acordo com a descrição do texto. ( Não confundir a "Travessa do Pau" com a "Rua do Pau". Esta seguia do Largo da Memória até o mar, em diagonal, até as proximidades do Hotel Leblon, seguindo o atual traçado da Rua Dias Ferreira).

E há muito mais para contar...

O Leblon, como todos os bairros, tem muitas histórias. Este espaço está esperando por elas. Conforme forem aparecendo serão incluidas. Conte a sua. Compartilhe-a conosco.


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