Alma Carioca

OÁSIS COM ESPELHO AZUL

J.Carino

A Lagoa não é simplesmente um bairro; é um oásis em cujo centro um espelho azul se mostra iridescente ao sol da manhã, tornando-se um apelo irresistível, tanto para o repouso dos olhos quanto para a movimentação do corpo.

Desembocar do túnel e olhar a Lagoa é penetrar num mundo novo, que se abre numa paisagem única, entre a imensidão ondeante do mar, com suas areias escaldantes, e as caprichosas e verdejantes curvas da montanha.

Pode-se seguir pela esquerda ou pela direita; a beleza do espetáculo resiste ao ângulo pelo qual se olha. Por um lado, circunda-se passando ao largo do acesso à Princesinha do Mar, o Corte do Cantagalo, chegando-se a Ipanema; pelo outro, segue-se pelas mesmas curvas de graciosidade na paisagem, até ganhar-se saídas para o Leblon ou para as lonjuras de São Conrado, Barra e por aí afora.

A Lagoa acorda cedinho. Ou melhor: nem dorme. Aos primeiros albores da manhã, ainda com gosto de madrugada, os primeiros remadores cruzam as águas em seus barcos afilados, canoas modernas onde corações e músculos se exercitam e parecem, ao mesmo tempo, homenagear os índios que outrora eram os donos deste paraíso tropical. Ao longo do dia, intensa vida, movimentação constante - gente e automóveis a não mais poder. Quando a tarde ameaça morrer, caminhantes, muitos caminhantes circundam essa jóia feita de água e luz, juntando o prazer da visão paradisíaca às necessidades impostas pelas coronárias ou ao desejo de manter uma esbelta silhueta. Quando a noite vem, e seguindo pela madrugada, os quiosques ficam apinhados de gente que vai curtindo o prazer de uma bebida gelada e de um jantar diferente, enquanto se extasia com a vista e recebe o carinho da brisa resultante da mistura de ventos vindos do mar e da montanha.

Eternamente ancorados à margem da Lagoa, dois clubes - Caiçaras e Piraquê - guardam um charme festeiro misturado a elegância que somente no Rio se pode encontrar.

Sinuosas, as pistas para carros em torno da Lagoa são veias por onde corre a energia automobilística da cidade. A Curva do Calombo assusta e nos exibe suas inquestionáveis vitórias sobre o bom senso, em que ceifa vidas de imprudentes "ases do volante", muitos deles jovens que regressam de alegres noitadas e só conseguem chegar ao silêncio e à imobilidade do nunca mais. Porém, perto da Lagoa, ou um pouquinho mais longe dela, no Hospital da Lagoa ou no Miguel Couto, anjos de branco lutam pela saúde, combatem o sofrimento e, muitas vezes, conseguem vencer a batalha contra a morte.

E se a Lagoa é movimento, ginástica, exercício - beneficiando o corpo - o espírito também não fica esquecido, cuidado pelas igrejas de Santa Margarida Maria e de São José. O alto campanário de uma aponta para o céu, atraindo bênçãos; as paredes de vidro da outra foram feitas para que a beleza da paisagem se fundisse com o ambiente onde a fé surge e se fortalece. O Clube de Regatas do Flamengo, essa paixão nacional rubra e negra, finca suas raízes centenárias próximo à Lagoa, como se desafiasse o rival, Vasco da Gama, com sua ousadia de também ter perto dessas águas mansas e ideais sua sede náutica.

Lá estão, com vigor e rapidez, os belos cavalos do Jóquei Clube! Atravessam céleres as pistas do hipódromo, carregando na garupa os sonhos de riqueza de centenas de aficcionados. Nas arquibancadas, homens nervosos torcem e nem reparam nas roupas das mulheres, discretas umas, exageradas outras, muitas delas ainda garantindo a elegância sofisticada dos chapelões que, quando se afastam, no frenesi de acompanhar a reta de chegada, ainda nos permitem ter uma bela vista da Lagoa.

A Lagoa é única e representa como poucos lugares o espírito de nossa cidade. Seu charme resiste até à mortandade dos peixes - morte anunciada pela incúria e pela lerdeza das ações e ineficácia das mirabolantes soluções apresentadas ao longo de tantas décadas.

A tarde cai e a Lagoa vai lentamente deixando de refletir a beleza do entorno em suas águas tranqüilas. Mas, com um finzinho milagroso de luz, ainda é possível ver refletida em suas águas a imagem de uma gaivota que voa, majestosa e livre na direção do mar, satisfeita por viver no Rio e poder pescar em sua águas e pousar às margens da Lagoa.


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