L� est� ele, belo, inusitado, diferente, para sempre incorporado � paisagem. O pr�dio do Museu de Arte Contempor�nea, em Niter�i, � assim: desperta amor, admira��o, espanto � nunca indiferen�a.
� maravilhoso v�-lo nas manh�s em que o sol banha generosamente a Boa Viagem. Pousado no seu promont�rio, o museu destaca-se, em sua brancura imaculada, contra o pano de fundo em que a natureza � artista caprichosa, perfeccionista � exagerou na beleza, pintando a exuber�ncia em verdes escuros de mata e azuis-esverdeados profundos de mar.
Por�m, � igualmente maravilhoso olh�-lo � noite, em destaque contra o veludo negro da escurid�o que cobre o mar e as montanhas, sobre o qual aparece apenas o colar de p�rolas das luzes ao longe, que enfeita o colo vaidoso da madrugada. A alvura do museu transfigura-o, transformando-o quase numa vis�o sobrenatural que paira sobre a cidade e sobre o mundo. O espelho d��gua no qual a base do museu repousa faz com que a ilumina��o, em profus�o de cores, refletida na superf�cie branca, crie a impress�o de que a magistral obra de arte arquitet�nica flutua e tremula, ligeiramente, tornando a vis�o do MAC ainda mais misteriosa e encantadora.
Oscar Niemeyer n�o se cansa de afirmar sua d�vida para com as curvas femininas, que sempre foram transpostas da sua imagina��o para as obras arquitet�nicas, suavizando e sensualizando a rudeza do concreto.
O MAC � uma prova inequ�voca dessa paix�o pelo curvil�neo vivida por nosso genial arquiteto. L� est�o � para quem tem olhos de ver com paix�o -, na c�pula, na rampa de acesso, no corpo central de sustenta��o, as curvas de quadris, o arredondado de seios, o roli�o de bra�os e coxas, o arrebitado de n�degas, o convexo de ma��s de rosto... Est�o l�, enfim, as formas supremas e deliciosas do corpo da mulher.
O museu atrai chusmas de turistas. No meio de tardes que pareceriam destinadas � tranq�ilidade, o sil�ncio � quebrado pelo vozerio de crian�as. Elas saltam de �nibus de excurs�o e se lan�am, com seu alarido, em dire��o � rampa do MAC, muitas vezes perseguidas por professoras preocupadas e atentas para que o entusiasmo n�o se transforme em algum acidente.
Mas qual, o museu recebe-as em suas entranhas, nas quais lhes oferece, generosamente, vis�es de beleza e de cultura inesquec�veis.
L� dentro - sejam as crian�as, seja qualquer um de n�s � somos envolvidos numa atmosfera de rever�ncia, enquanto percorremos rampas e salas, movidos pela curiosidade, pela �nsia de fruir o belo, pelo desejo de ver, sentir, saber.

Nesse templo da arte moderna, somos mobilizados e conquistados pelo inusitado das formas e das cores. Nossa sensibilidade � despertada pela iconoclastia da arte transgressora, inovadora, muitas vezes chocante. Somos arremessados sem d�
para o novo, para o futuro.
Mas, nesse cadinho de surpresas art�sticas que � o MAC, uma outra surpresa aguarda os mais atentos: olhando pelas janelas inclinadas, vemos logo ali adiante, a algumas centenas de metros, a Ilha da Boa Viagem, que nos contempla, com sua capelinha contempor�nea do in�cio de nossa coloniza��o.
Do MAC, podemos olhar l� para baixo, para esse mar de incr�vel beleza, iridescente ao refletir a luz do sol, e para outras curvas: as das montanhas. � como se descobr�ssemos, de repente, a sintonia e a cumplicidade perfeitas entre as curvas de sensualidade feminina inventadas por Niemayer e uma sensualidade brejeira em curvas exibidas pela natureza.
Podemos tamb�m imaginar os tempo idos, em que �ndios vigorosos, vestidos apenas com a nudez da inoc�ncia e com sua nobre condi��o de guerreiros, remavam de volta da pesca para os bra�os de suas amadas.
Eis o milagre: nossa visita ao MAC nos envia, alternadamente, num �timo de segundo, do passado ao futuro, e vice-versa, deixando-nos gostosamente aturdidos com a beleza de nossa terra e a import�ncia de nossa cultura e de nossa arte.
Muitos preferem comparar o pr�dio do museu a um disco voador. � poss�vel igualmente incorporar essa vis�o, imaginando o MAC como uma nave, vinda dos espa�os siderais e pousando suavemente nesse lugar de rar�ssima beleza. Com isso, seres extraterrestres, viajando centenas de anos-luz, teriam vindo contemplar a exuber�ncia da terra brasileira. Eles trariam, no interior de sua nave � o museu � as obras de arte moderna, como um recado de carinho e respeito enviado pelo futuro a Niter�i e ao Brasil.
Texto e fotos de J.Carino.
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