"A Santa Casa da Miseric�rdia do Rio de Janeiro, fundada pelo Padre Anchieta, chegado ao Brasil na Esquadra do 2� Governador Geral, D. Duarte da Costa, em 1553, � um prolongamento da Santa Casa de Lisboa, a primeira no mundo, criada pelo piedoso Frei Miguel de Contreiras, com o apoio da Rainha D. Leonor, de quem era confessor. O exemplo de Contreiras floriu nas terras de Santa Cruz, atrav�s de Anchieta, - o sublime canarino da ilha de Tenerife - e que viria a ser, num futuro n�o muito distante, o Ap�stolo do Brasil."
Com essas palavras o Dr. Dahas Zarur, Provedor da Santa Casa da Miseric�rdia do Rio de Janeiro, eleito em 2 de julho de 2004, inicia um de seus muitos livros dedicados � institui��o.
A hist�ria de Anchieta, o fundador da Santa Casa, � muito rica. Foi ele que, em 25 de janeiro de 1554, fundou a cidade de S�o Paulo.Tamb�m foi Anchieta que, ref�m dos �ndios nas praias de Iperoig, atual Ubatuba, em suas areias escreveu, com seu bast�o, os 4072 versos latinos de puro afeto � Virgem Maria.
Aquele jesu�ta de apar�ncia f�sica alquebrada, mas de �nimo forte e empreendedor, iria criar em 1582 a Santa Casa, fazendo levantar cho�as, arrumando galhos no ch�o, produzindo rem�dios tirados da nossa flora. Foi incans�vel ao socorrer a esquadra de Castela, sob o comando do Almirante Diogo Flores Valdez.
A esquadra de Valdez aportou � Guanabara em 25 de mar�o de 1582. Seus homens estavam atacados pela "peste". Anchieta, com atitude piedosa, acolhedora, de verdadeiro ap�stolo, convidou-os a descerem � terra, construindo toscas palho�as para abrigar os doentes, os quais ele mesmo tratou e recuperou com recursos locais - infus�es de ervas, frutas c�tricas, ra�zes e outros trazidos pelos �ndios. Assim nasceu a Santa Casa, o mais expressivo monumento � grandeza desse homem.
Apesar de ter sido motivo de controv�rsias durante muitos anos, a data de funda��o do Hospital Geral da Santa Casa da Miseric�rdia do Rio de Janeiro foi oficialmente fixada em 24 de mar�o de 1582, em sess�o de Mesa e Junta realizada em 9 de mar�o de 1967. Com dezenas de enfermarias, institutos e ambulat�rios em quase todas as especialidades m�dicas, o Hospital � um centro de refer�ncia para a popula��o da cidade. O Hospital conta com 22 (vinte e duas) Irm�s de Caridade que d�o suporte aos diversos servi�os Especializados e �s Enfermarias, no transcorrer do Ano Compromiss�rio. Atualmente s�o 762 Leitos, 37 Enfermarias, 49 quartos particulares, 16 de servi�os, 16 salas cir�rgicas e 86 ambulat�rios. Nele funciona ainda o CESANTA - Centro de Estudos de p�s-gradua��o M�dica da Santa Casa, onde s�o realizados cursos de especializa��o e de Mestrado em diversas especialidades m�dicas.
Imagem do edif�cio da Santa Casa
de Miseric�rdia, feita por volta de 1858, por Victor Frond.
Podemos ver todo o percurso da Rua Santa Luzia, desde a Igreja de
Santa Luzia, tendo ao fundo o Morro do Castelo.
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O "Alma Carioca" esteve na Santa Casa, a convite do Dr. Augusto Paulino Netto (� direita), Chefe da 13� Enfermaria do Hospital Geral. Em sua companhia visitamos a Capela Nossa Senhora da Miseric�rdia e sal�es de rara beleza, alguns s� abertos em ocasi�es especiais.
Depois, acompanhados pelo Prof. Levy Gomes Ferreira (� esquerda), Farmac�utico, Ex-Diretor da Faculdade de Farm�cia da UFRJ, conhecemos o Museu da Farm�cia.
Vamos compartilhar com nossos amigos um Rio de Janeiro que poucos sabem existir e ao qual nos foi dada a oportunidade de visitar.
Jos� Clemente Pereira foi Provedor da Santa Casa de 1838 a 1854. Logo sentiu a necessidade de um hospital mais amplo e deu in�cio � constru��o do complexo que est� na Rua Santa Luzia, 206. Conclu�da a etapa do hospital, iniciou-se o preparo do acabamento da Capela, ent�o denominada Sant�ssimo Sacramento. Os dotes art�sticos do elemento luso-brasileiro eram apreciados por Clemente Pereira, mas a cultura francesa apresentava � �poca grande influ�ncia na arte colonial. No per�odo de constru��o do hospital, predominavam as escolas do Arquiteto Grandjean de Montigny, Debret, Taunay e outros grandes nomes que participaram da Miss�o Francesa, aqui chegada em 1816, a convite de D.Jo�o VI. Montigny foi o primeiro a fazer neocl�ssico no Brasil, sendo um dos seus disc�pulos, Jos� Maria Jacinto Rebelo, o autor do front�o da Santa Casa da Miseric�rdia.

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Foi Rebelo quem
desenhou, ao centro, o grande p�rtico com dupla
colunata de ordem d�rica e front�o triangular, em cujo
t�mpano est�o relevos feitos pelo italiano Giudice.
O relevo central
representa a Caridade.
A foto ao lado � de
autoria de Marc Ferrez.
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A Capela Nossa Senhora da
Miseric�rdia, que integra a parte nova da Irmandade, foi
erguida, ao que se deduz, por imposi��o do Provedor, homem
religioso, amante das artes.
Na Provedoria de Zacarias de G�es
e Vasconcelos foi esculpido o Sal�o Nobre. Artistas famosos
compuseram os flor�es, a pintura, os medalh�es, predominando
em tudo o estilo neocl�ssico.
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Trata-se de um pequenino
templo, que j� foi chamado de Capela do Sacramento, segundo
anota��o em ata de 1851. Tornou-se conhecido como Capela
Dourada ou Imperial. Situa-se no interior da Santa Casa e era
onde D. Pedro II costumava ir, com a fam�lia, em busca de
recolhimento e paz espiritual.

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Em Setembro de 1851, o
artista pl�stico Fran�ois Ren� Moreaux, pintor e
desenhista nascido na cidade de Rocroy, Fran�a, foi
contratado para o trabalho de ornamenta��o e detalhes
art�sticos, como tamb�m a feitura do quadro da Ceia do
Senhor, por 800$000 (oitocentos mil r�is), encravado ao
fundo do altar principal da Capela, e outros quadros que
adornam os altares de algumas enfermarias do Hospital
Geral.
Coube a Francisco Alves
de Nogueira executar, tamb�m em 1851, o estuque e
demais decora��es da Capela, pelo que cobrou a quantia
de 1:600$000 (um conto e seiscentos mil r�is).
O t�tulo Capela
Imperial adv�m do uso que dela faziam altos dignat�rios
do Imp�rio, que utilizavam a Capela para constantes
reflex�es.
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Muito mais que um local onde se
pratica a medicina e a caridade, a Santa Casa � a mem�ria viva
da nossa cidade, desde a �poca da sua funda��o. O
"Brasil Imp�rio" faz-se presente, n�o s� na Capela,
mas tamb�m nos sal�es.
Sala
de reuni�es da Mesa e Junta
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Pinturas,
em tamanho natural, de antigos Provedores
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Vamos visitar, agora, o
Museu da Farm�cia.
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Formas
para suposit�rios
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Microsc�pios
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Vaso de cer�mica com
impress�o a ouro, dentre v�rias centenas, fabricado na
Europa no s�culo XIX, especialmente para a Santa Casa
da Miseric�rdia do Rio de Janeiro.
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Dispensador
de infus�es de metal.
Atr�s, filtro ingl�s Berkefeld do s�culo XIX.
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Tabuleiros
para fabrica��o de comprimidos.
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Gravura
antiga de aplica��o de ventosas,
usadas para tratamento de "congest�o" do pulm�o.
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Fontes de consulta:
Diversos livros do Dr. Dahas Zarur, atual Provedor da "Santa Casa da Miseric�rdia".
Pesquisas na Internet.
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