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Oswaldo Miranda

Oswaldo Miranda, por Paulo Afonso Teixeira
Oswaldo Miranda - Foto de Paulo A. Teixeira

Façam o jogo, senhores...
Oswaldo Miranda ainda sonha com a reabertura dos cassinos.

O jornalista, produtor de televisão, compositor e cantor Oswaldo Miranda nos fala de seu grande sonho: reviver os tempos áureos dos Cassinos.

Mesmo sob um forte sol deste início de fevereiro, em plena praia do Leblon, bairro onde mora, Miranda não se recusou a nos dar esta entrevista.

Começamos uma conversa que, sem dúvida, vai se prolongar por outros dias, tantas são as histórias que Miranda tem para contar.

Mas, quem é Oswaldo Miranda e por que a idéia de lutar pela reabertura dos cassinos?

" - Cassinos. A imagem mais distante em minha lembrança é a do 'Beira-mar Cassino', ali no Passeio Público, perto do Chafariz da Pirâmide, que o Vice-Rei Luiz de Vasconcelos incumbiu Mestre Valentim de construir à beira do cais, em 1789.

Peguei o prédio ainda de pé, lá pela década de 1930. Hoje, só em fotografias. Tenho o registro dos cassinos do Copacabana Palace, o Atlântico, no Posto 6, em Copacabana, onde, mais tarde, na TV RIO, estaria produzindo programas para J.Silvestre e Maninha, e o da Urca, que veio a abrigar a TV-Tupi, onde tive longa atuação como produtor de programas para J.Silvestre, Flávio Cavalcanti, Paulo Max, Haroldo de Andrade, Paulo Giovanni, Mauro Montalvão e tantos outros.

Vi o 'Cassino da Urca' funcionando, quando ocupava todas as dependências do enorme prédio da Rua João Luiz Alves. Este, aliás, foi o maior de todos, projetando-se na história pela realização de maravilhosos shows em seu grill-room. No palco da Urca terá acontecido, sem dúvida, a mais extraordinária seqüência de espetáculos artísticos. Por lá estiveram celebridades internacionais, como Bing Crosby, Jean Sablon, Martha Eggerth, Pedro Vargas, Carmen Miranda, Toni Bennett, Edith Piaf, Amália Rodrigues... Havia grandes orquestras, como a titular, de Carlos Machado, com o iniciante Dick Farney como crooner, e o fantástico Russo do Pandeiro. Vale ainda fazer referência a Déo Maia, cantora negra de enorme sucesso, Grande Otelo, às jovens Emilinha Borba, Linda e Dircinha Batista e Heleninha Costa. O palco do Cassino da Urca tinha sempre para seu público momentos maravilhosos para compor sua caríssima e sempre atraente programação. Isso sem falar nos músicos, malabaristas, acrobatas, ilusionistas, instrumentistas de renome no exterior, contratados a peso de ouro para manter o alto nível do que se poderia ver no lendário palco.

Em 1945 Getulio Vargas caía. Era o fim do Estado Novo. Eleições. Dutra, apoiado por Getúlio, vence o Brigadeiro Eduardo Gomes e assume a Presidência da República. Na campanha eleitoral, faixas em volta do prédio do Hotel Quitandinha, em Petrópolis, alertavam para a possibilidade da vitória de Eduardo Gomes, católico praticante, homem austero, conservador, de profunda formação moral. Admitia-se que, vencedor, acabaria com os cassinos e jogos de azar. Já do Dutra não se tinha a mesma imagem, a mesma concepção. Dutra venceu. Pouco depois da posse assinava decreto extinguindo a prática de jogos de azar em todo o país. Foi uma bomba! O mundo fantástico do Quitandinha desabou, veio abaixo! Desemprego em massa, chefes de família desarvorados, lágrimas, desolação, tristeza. Tragédia social de dimensões abissais. Notícias de suicídio! O Quitandinha fora reduzido a cinzas e, desde então, vem cumprindo uma senda absolutamente diversa daquela que inspirou sua criação, que era seu verdadeiro destino: cassino. Na imensidão dos salões, salas, jardins, galerias, corredores, boites, teatros, varandas, tudo, só fantasmas e fantasmas."

E Miranda conclui:

"Quitandinha tem de voltar à sua origem, como célula propulsora de atividades múltiplas, geradoras de trabalho, emprego, impostos. Um fabuloso mercado de ações que renderá somas incalculáveis aos cofres públicos. Dinheiro que, em parte, deverá ser encaminhado para a solução de problemas de ordem social, com ênfase para o gravíssimo item FOME, que atinge 54 milhões de brasileiros. Amigos de hoje, vocês não podem imaginar Quitandinha no auge. Gente e mais gente trabalhando. Gente absolutamente feliz. O leque cobria todas as atividades profissionais. No quadro de pessoal sempre havia lugar para mais um.

O decreto de Dutra ainda é vigente. O jogo de azar ainda está proibido. Mas joga-se de tudo neste país. O jogo do bicho está em todas as esquinas. Meu velho amigo Silvio Santos está aí com seu celebrado Baú da Felicidade. A Caixa Econômica banca tudo: Megas, Duplas, Quinas, Super X; o Estado promete mundos e fundos com as Raspadinhas, as Quinas do Milhão, os Totobolas. Os Bingos, o que são, senão cassinos?

Dona Santinha, mulher de Dutra, que dizem ter sido a responsável pela decisão, lá do céu, onde está, já deve ter mudado de opinião mesmo porque, se ela considerava o cassino uma desgraça, é bom lembrar aquela velha sentença francesa que diz: A quelque chose malheur est bon (A desgraça serve para alguma coisa, pode produzir algum benefício).


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