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O galo conquistador e o papagaio...

Wladimir Agmont

A noite corria mansa e solta naquele lugar distante do burburinho urbano e nos galinheiros todos dormiam um sono tranq�ilo. Mas, antes dos primeiros raios do sol, o papagaio, cuja gaiola ficava no alpendre bem pr�ximo de onde dormia a galinhada, acordou e na base da goza��o come�ou a entoar um canto, imitando o galo. Esse que naquela noite dormiu um sono gostoso e que sonhou j� ter conquistado o amor da franga que chegara ao s�tio, uma franga branca, que viera para ser reprodutora, acordou de mau humor e j� pensou em se vingar do tal papagaio, que para ele era um desafeto.

N�o se fazendo de rogado e querendo mostrar que era o rei do poleiro, assim que o sol deu o ar da gra�a, marcou uma reuni�o para decidir que tipo de protesto iria fazer para dar o troco no papagaio, que quase todos os dias acordava naquela mesma hora e sem rodeios soltava sua voz a cantarolar, e com isso n�o deixava mais ningu�m dormir.

O galo, metido a conquistador, j� tinha ordenado aos frangos que n�o deixassem nenhum animal de outra esp�cie entrar, pois no tal s�tio tinha cachorro, gato, quati, arara e alguns p�ssaros que viviam presos em viveiro. Ordenou tamb�m a um de seus imediatos, um frango de bico torto, que fosse ao outro galinheiro chamar a franga branca, para participar da reuni�o, uma vez que ela ficava separada dos demais. O frango, que recebia algumas benesses quando cumpria essas tarefas, mais que depressa foi avisar a franga branca que a presen�a dela era esperada no galinheiro central.

Passados alguns minutos, l� estava o mensageiro de volta com a informa��o de que a tal franga n�o compareceria � reuni�o alegando que era rec�m chegada e n�o queria se meter em encrencas. O galo ao ouvir isso ficou fulo da vida, bateu as asas e gritou em alto e bom som que aquele movimento n�o era baderneiro e sim de protesto e ali mesmo dava por aberta a sess�o, j� falando sobre a quest�o do papagaio que, antes do sol raiar, j� violava a lei de sil�ncio com aquela barulheira, n�o permitindo que os moradores dos poleiros pudessem descansar em paz.

Possuidor de uma ret�rica invej�vel, o galo sabia prender a aten��o dos ouvintes e n�o demorou para ser ovacionado, principalmente pelas galinhas poedeiras, que adoram dormir, e algumas franguinhas, essas interessadas em ter um caso com o galanteador.

A reuni�o n�o demorou muito e todos apoiaram a id�ia de lavrar um protesto contra o papagaio, solicitando ao dono do s�tio a transfer�ncia dele para um outro lugar, bem distante dali, ou ent�o vend�-lo ou troc�-lo com outro animal, visto que segundo as aves, esse papagaio era apenas um fofoqueiro e vagabundo, pois n�o sabia o que era trabalho.

O papagaio, que era protegido pela empregada e cozinheira do s�tio, sabendo da trama do galo e seus companheiros e temendo uma repres�lia, que poderia lhe custar at� a sua vida, nem por decreto quis sair de perto da tal cozinheira at� que as coisas se normalizassem. Durante todo o dia, pelo fato do propriet�rio do s�tio encontrar-se e previsto para retornar apenas no final da tarde, s� se ouvia falar no caso do papagaio e o que iria acontecer com ele...

Sem perder tempo, o galo montou uma comiss�o para dar as boas vindas ao patr�o e tratar com ele do assunto que merecia ser decidido com urg�ncia. Entre a bicharada a grande maioria estava a favor do galo e queriam a cabe�a do papagaio. Mas para falar com o patr�o, era preciso um interlocutor que pudesse externar o que estava acontecendo. No s�tio apenas o papagaio e a arara � que tinham esse privil�gio. O caso estava enrolado e durante o dia a comiss�o dos reclamantes foi ter com a arara, solicitando a ela que fizesse esse favor.

Em princ�pio ela n�o aceitou alegando que n�o poderia tomar partido de uma briga entre amigos, mas pediu um tempo para pensar, afirmando que daria uma resposta no meio da tarde. Como as paredes t�m ouvidos, essa conversa chegou ao conhecimento do papagaio, que mais que depressa se fechou na cozinha em companhia da cozinheira e solicitou sua interse��o junto � arara para... 

Dito e feito, a cozinheira prop�s a arara que aceitasse a incumb�ncia do galo e seus companheiros, mas que na hora de conversar com o dono do s�tio, teria que inverter a hist�ria, colocando o galo como o �nico agitador e provocador de uma situa��o. Prometeu a ela uma boa compensa��o em comida e...

No meio da tarde, o galo e seus companheiros se reuniram com a arara e acertaram tudo, ela seria a porta-voz deles junto ao patr�o. Quando o sol j� se preparava para ir embora, dando passagem aos primeiros sintomas da noite, do s�tio dava para se ouvir um trop� que vinha l� do alto da colina, era o patr�o em sua charrete, trazendo mercadorias. Foi aquele alvoro�o com os frangos e galinhas j� festejando, enquanto o galo j� se imaginava em lua de mel com a franga branca, que depois dessa sua vit�ria, com certeza, n�o iria resistir aos seus encantos. 

N�o demorou muito para o patr�o abrir a porteira do s�tio e entrar. Apeou da charrete, determinou aos seus empregados que pegassem suas coisas e antes que subisse as escadas para entrar em sua casa, foi interrompido pela arara, que de cima de um galho de uma �rvore se comunicou.

O patr�o, mesmo cansado pela viagem, ouviu com aten��o os reclamos da ave e, depois de alguns minutos, mandou chamar Chico, seu empregado mais velho, de confian�a e marido da cozinheira. Antes do jantar, o galo galanteador e revolucion�rio, j� estava morando em outro poleiro, mas num s�tio distante daquele pelo menos uns vinte quil�metros, solit�rio, sem len�o e sem documento.

Naquela noite, o papagaio foi agraciado com um belo banquete servido pela cozinheira, cujas convidadas especiais foram � arara e a franga branca... A noitada foi t�o boa que na manh� seguinte tiveram at� que acordar o papagaio, j� bem pr�ximo da hora do almo�o...

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