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Duas rodas, rock e a liberdade

J. Carino

As circunt�ncias da morte do tit� Marcelo Fromer p�em mais uma vez em evid�ncia as motocicletas e seus usu�rios. Um furor insano contra todos os motoqueiros se instaura, como se sobre as duas rodas s� rodassem irrespons�veis e insens�veis; como se apenas eles - esses selvagens envoltos em casacos de couro - praticassem a omiss�o de socorro.

Poucas sensa��es s�o t�o agrad�veis como a de sentir o vento que, insinuando-se pela abertura da viseira do capacete, bate no rosto numa manh� primaveril; ou o sentimento de liberdade proporcionado por uma moto bem conduzida; ou, ainda, a vis�o de um p�r-de-sol que parece ali bem pertinho, quando a motocicleta vai pela estrada em dire��o ao horizonte long�nquo.

N�o h�, claro, como negar as evid�ncias: muitos motoqueiros fazem de suas m�quinas b�lidos perigosos, conduzidos temerariamente por ruas coalhadas de carros e atravessadas por pedestres. Especialmente os "motoboys" ajudam a consolidar a fama negativa das motos, identificadas com a irresponsabilidade ou mesmo com a loucura que desafia tanto o equil�brio quanto o bom senso.

Mas, n�o h� como negar, tamb�m, a irresponsabilidade e a neglig�ncia da maioria dos motoristas, que incluem em seu despreparo a falta de cuidado, de aten��o e a insensibilidade perante motociclistas, naturalmente mais expostos aos perigos devido �s caracter�sticas do ve�culos que conduzem. Alguns, enlouquecidos pelo tr�nsito infernal e pelos problemas em suas vidas, simplesmente fazem dos carros uma forma de exteriorizar seus recalques, transformando indefesos motociclistas em alvos de freiadas maldosas, guinadas s�bitas e mudan�as de rumo sem nenhuma sinaliza��o.

Os pedestres brasileiros tamb�m n�o ficam atr�s em mat�ria de desaten��o e de cuidado. Muitos meteram na cabe�a que motos n�o matam, e dan�am diante delas, hesitam num para-l� e para-c� de indecis�o que confunde e atemoriza os motociclistas. E agora h� uma categoria nova desses abusados: os vendedores que aproveitam os engarrafamentos cr�nicos na hora do rush, circulando entre as filas de carros e olhando, desafiadoramente e sem se mover, o motociclista que se aproxima.

Piloto motos h� mais de 20 anos. S� ando equipado: casaco de couro, cal�ado adequado e o indispens�vel capacete. E assim, pilotando cuidadosa e defensivamente, tenho visto, ano a ano, a piora sens�vel na capacidade de dirigir de nossos motoristas. Setas parecem n�o existir; andar colado nos outros carros parece necess�rio e natural; correr, avan�ar sinais ignorar faixas de pedestres parece um direito desses inconseq�entes. E, numa demonstra��o de suprema covardia, esses pilotos de corrida frustrados, que fazem do ato de conduzir um ve�culo um desafio a tudo e a todos - ao inv�s de uma a��o trabalhosa e realizada com cuidado e responsabilidade -, adoram intimidar motociclistas, dando fechadas, espremendo as motos nos engarrafamentos e piscando intimidadoramente far�is, exigindo passagem como se fossem os donos das ruas.

Infelizmente, o talentoso Marcelo Fromer se foi para sempre, e quis o destino que num acidente, ao que tudo indica, envolvendo um motociclista. Lamentavelmente, o condutor do ve�culo atropelador evadiu-se sem prestar socorro, atitude imperdo�vel e que deve ser punida com as san��es legais e repudiada com nossa indigna��o. Mas, isso n�o pode servir de pretexto para satanizar todos os motoclistas e esse meio de transporte t�o �gil, pr�tico e econ�mico. N�o pode, tamb�m, permitir que se minimize a responsabilidade dos que deveriam fiscalizar com rigor o tr�nsito, para impedir que jovens e at� crian�as pilotem motos sem capacete e sem habilita��o; ou dos que deveriam tapar os buracos, consertar os "calombos" e evitar as pistas frizadas, que exigem grande destreza dos motociclistas; ou a condena��o da crueldade da explora��o a que donos de frotas de motocicletas submetem seus motoboys, a maioria deles trabalhando em condi��es desumanas, lutando contra o rel�gio para garantir a entrega r�pida e a gorgeta, esta podendo significar um dinheirinho a mais para contribuir nas despesas da casa ou a possibilidade de comprar um ingresso para a �nica divers�o num baile na periferia.

N�s, os motociclistas respons�veis, damos um adeus sentido a Marcelo Fromer, atentos � suprema ironia: motos e rock-and-roll sempre andaram juntos, curtindo a liberdade e, sobretudo, o gosto de viver.

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