Alma Carioca

Manh� de primavera

Jos� Carlos Pereira

Not�cias do dia mostram decapitados, baleados, sumidos, sequestrados, torturados, atropelados por b�bados e o in�cio de uma nova grande guerra no oriente.

Um grau abaixo nessa escala de terror os temas concentram-se nos recorrentes desvios de recursos p�blicos, na expans�o descontrolada do crime organizado na administra��o p�blica e privada, fortalecimento de mil�cias, protestos e invas�es violentas e a sempre impunidade geral.

Descendo mais um ponto na escala, l� est�o drogados, pequenos traficantes, corredores sinistros em hospitais, celas ainda mais sinistras em pres�dios, mulheres jovens desesperadas por um aborto, endividados desesperados e suicidas.

No �ltimo degrau encontramos a campanha eleitoral com ataques e defesas no estilo de ursos pardos, mas, �s vezes, semelhantes a ornitorrincos com defici�ncias mentais.

Fecho o jornal sanguinolento e olho a praia de Copacabana do alto. Dezenas de milhares de pessoas junto ao mar. A impress�o � de um gigantesco ex�rcito prestes a invadir o oceano que, surpreendentemente, n�o aparenta preocupa��o nem apresenta qualquer dispositivo defensivo. Imagino que pelo menos duzentas mil pessoas estejam falando ao mesmo tempo. Al�m dos berros dos vendedores de tudo, sobre o que as pessoas falam? Coisas de praia: a festa de ontem, e a de logo mais, os corpos esculturais e outros nem tanto, pets, um novo protetor solar, risco de arrast�o, quest�es familiares de baixa densidade, investidas verbais com interesses variados e desconexos, futebol, academia, faculdade, cursinho e muita, muita filosofia de areia, principalmente sobre elei��es e conjuntura praiana. H� tamb�m os que n�o falam, apenas contemplam e pensam. Ou n�o.

Um enorme navio repleto de cont�ineres deixa lentamente a Ba�a de Guanabara. O colorido dos cont�ineres faz sentido com o colorido da praia. Para onde estar� indo? Parece sem destino.

O celular toca e um velho amigo pergunta se estou vivo. Respondo que a pergunta � complexa, havendo fortes controv�rsias a respeito. Ele d� um berro de alegria, diz que est� no boteco de sempre, com nossa turma de sempre e a discuss�o est� forte sobre o sentido da vida. Minha presen�a � considerada indispens�vel.

Vou l�. S�o menos de 100 metros de caminhada pelo cal�ad�o.

Volto para casa � noite com 9 cervejas e um monte de salgadinhos no c�rebro, convicto de que vida e morte s�o a mesma coisa e importante mesmo � ficar em cima do muro. Que o navio provavelmente estaria indo para Genebra e que e o silicone usado pelo mulherio est� mais para massa de tapioca, e o governo n�o toma qualquer provid�ncia diante da calamidade.

Vou dormir; bem cedo tenho que presidir a Reuni�o de Diretoria, seguindo-se almo�o com candidatos atr�s de Caixa2. � tarde irei visitar uma obra in�til e paralisada na baixada, mas que pouca gente conhece. � noite minha mulher desembarca no Gale�o. Adormeci tentando me lembrar de algum grande porto no Lago de Genebra. Estive l� uma vez e juro que n�o me lembro. Tamb�m, era inverno.

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