RICARDO GAMA

A ARTE DE SER PROFISSIONAL

 

Nascido em Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, Ricardo Pinto Gama, mais conhecido como Ricardo Gama, tem in�meras hist�rias pra contar.

Da inf�ncia em Barra Mansa, at� os dias de hoje,  j� se passaram "alguns" anos que ele n�o gosta de revelar quantos. Atualmente, como locutor da "FM O Dia", r�dio de maior audi�ncia do Rio de Janeiro, Ricardo recorda-se, atrav�s dessa entrevista, de momentos bons (outros nem tanto) e de quantas pedras teve que tirar de seu caminho para ser o que � hoje em dia.

Como veio parar no Rio de Janeiro, de que forma o destino p�s pessoas que seriam fundamentais na sua trajet�ria, a import�ncia da fam�lia na sua vida, as noites mal dormidas dentro de um carro na Pra�a Mau� e seu reconhecimento na extinta R�dio R.P.C. Tudo isso Ricardo Gama retrata, como uma li��o de vida para os que est�o come�ando na profiss�o ou aqueles que desejam saber mais sobre uma pessoa que persistiu, lutou e acreditou no seu talento para vencer.

E o que ser� que ele espera do futuro? Como � lidar com o sucesso? De que forma a televis�o tamb�m est� presente em sua vida? Como � o Ricardo longe do agito do trabalho?

Nessa entrevista Ricardo "solta o verbo", abre a ALMA, bem da maneira "Style" que ele gosta de ser!

Fernanda- Qual a sua idade?

Ricardo- Segredo.

Fernanda- Eu queria que voc� contasse como foi a sua inf�ncia.

Ricardo- Bom, eu nasci em Volta Redonda. Minha m�e � do Rio e meu pai � de Minas. Minha inf�ncia foi a mais maluca poss�vel. Eu aprontava tudo o que voc� imaginava e n�o imaginava. O legal � que eu nunca dei trabalho. Nunca fui do tipo de fazer nada errado. Fazia muita bagun�a, coisas normais pra idade. Tipo escorregar no barranco de papel�o, botar fogo no morro... Era a minha cara, isso!

Ou�a um trecho do programa de Ricardo Gama    

Fernanda- Como � que voc� veio parar aqui no Rio de Janeiro?

Ricardo- Eu trabalhei mais de dez anos em Barra Mansa, em tr�s r�dios, mas sempre de olho no Rio de Janeiro e ouvindo as r�dios do Rio. Toda vez que algu�m da r�dio que eu trabalhava vinha aqui no Rio (porque todas as quintas eles atendiam �s r�dio de interior), eu vinha e ficava maluco!

Fernanda- Sempre gostou de r�dio?

Ricardo- Ah, desde moleque... desde crian�a, no prim�rio. Toda vez que tinha um microfone, l� estava eu. Tenho fotos e fotos em casa... Na missa, aos domingos, eu gostava de ficar ao lado do padre. Eu sou cat�lico, e na Igreja que a gente freq�entava em Barra Mansa, tinha o padre e tinha duas pessoas que o ajudavam a ler o Testamento. Eu adorava ficar na frente da Igreja, de frente pra todo mundo! A igreja lotada... Achava aquilo o m�ximo! Nunca tive problemas pra ler, sempre gostei muito de ler, de improvisar e tudo mais...

Voltando... Toda vez que eu vinha ao Rio, sempre tive a oportunidade de ir a uma r�dio para ver como era. Fiz "n" testes no Rio de Janeiro. Devo ter feito pra mais de dez testes e nunca tinha conseguido nada.

Fernanda- E como tudo mudou...?

Ricardo- Eu continuei trabalhando no interior. At� que um dia a S�nia Freitas, que era coordenadora da R.P.C na �poca, me ouviu na r�dio de Barra Mansa, isso em 1992, e ligou para o "Tio" Renato (todos o chamavam assim) que tinha sido coordenador da Transam�rica, estava trabalhando em uma r�dio em Volta Redonda e era uma ponte com o pessoal do Rio. Ela perguntou quem era esse garoto e tal, pegou o telefone da r�dio em que eu trabalhava e me ligou. Quando ela ligou, se identificou: "Aqui � a S�nia Freitas, sou da R.P.C do Rio de Janeiro. Eu ouvi voc� e gostei..." Eu disse: "Tudo bem, o pr�ximo telefonema que eu vou receber agora � do Papai Noel, depois do Coelhinho da P�scoa..." E tirei onda com a cara dela!

Ela disse: "� bem dif�cil acreditar que algu�m do Rio t� ligando pra te contratar, mas vou deixar o meu telefone com voc�. Voc� vai ligar, vai falar com minha secret�ria, vai atender 'Jornal O Dia'..." Eu falei: "T� bom". Anotei o telefone, fui pra casa, falei com meu pai. Ele disse: "O m�nimo que voc� tem que fazer � ligar e ver qual �!". No outro dia eu liguei, a secret�ria atendeu.... Eu disse: "Puxa, � verdade, caraca e agora?".  Ela falou para eu ir fazer um teste. Fui, fiz, entrei e n�o sa� mais.        (Ou�a um trecho da entrevista )

Fernanda- Voc� enfrentou diversas dificuldades no Rio de Janeiro. Como foi esse per�odo? Tem alguma recorda��o em especial?

Ricardo- A� come�ou tudo. Ela me chamou pra vir. Quem trabalha em r�dio sabe que � muito dif�cil. A maior parte dos profissionais est� em situa��o ruim. Voc� tem que trabalhar muito, ter um pouquinho de sorte pra chegar e no in�cio era brabo.

Ela (S�nia Freitas) me chamou e eu resolvi encarar. Mas era uma "merda". O dinheiro mal dava pra comer. Eu fiquei tr�s meses at� conseguir alugar um apartamento. Nesses tr�s meses dormi no carro, s� na base do improviso. Dormia na Pra�a Mau� mesmo, em frente � r�dio, porque na �poca eu comecei como folguista e n�o dava tempo para ir e voltar, o dinheiro era curto, aquela coisa. Sa�a da r�dio �s duas da manh� e tinha o "Pernambuco", um mendigo que tomava conta dos carros da galera da r�dio e conhecia as malandragens do lugar. Ele tomava conta, n�o deixava que nada acontecesse comigo e eu dormia ali mesmo.      (Ou�a  )

Fernanda- E qual a sua forma��o? Estudou at� quando?

Ricardo- Eu n�o tenho o segundo grau completo. Quando comecei a trabalhar em r�dio, meu pai tinha um posto de gasolina. Eu trabalhava com ele no posto, trabalhava em r�dio, ent�o n�o dava. Seis horas da manh� eu tinha que estar no posto e de dez �s duas da madrugada, na r�dio. Eu tinha quatro horas pra dormir. Tinha que sair do posto �s seis horas da tarde, estudava at� �s nove e meia da noite e trabalhava at� duas da manh�. Chegou uma hora em que tive que fazer uma op��o. Eu adoro r�dio, � tudo na minha vida....N�o d� pra estudar.

Fernanda- Como � ser um locutor t�o conhecido, trabalhando na r�dio de maior audi�ncia do Rio e tendo passado tantas dificuldades?

Ricardo- Acho que a dificuldade faz voc� crescer. � mais ou menos como tirar leite de pedra. Todo aperto que voc� passa na vida �s vezes tem gente que n�o sabe aproveitar e prefere ficar se lamentando... Eu n�o. Eu usava isso pra crescer. Eu sabia o que eu queria... Na primeira r�dio em que trabalhei, o dono virou pra mim e disse: "P�ra de encher o saco, desiste disso. Voc� n�o vai ser locutor nunca! Voc� n�o tem voz, n�o tem a menor condi��o. Vai procurar outra coisa..." Eu j� tinha um foco na minha vida. Eu dizia: " Eu vou ser locutor e n�o vou ser mais um no meio da multid�o". Meu pai uma vez disse: "Meu filho, a gente tem tantos exemplos aqui na cidade, tanta gente que t� nisso h� tempo tempo e nunca arrumou "porra" nenhuma na vida... Eu tenho dinheiro, vai estudar, cara, vai fazer alguma coisa...". N�o. � isso o que eu quero. N�o adianta, eu vou ser outra coisa e n�o vou ser feliz. Eu quero ser feliz e quero fazer o que gosto. Ent�o eu foquei nisso e falei: n�o d� pra ser mais um, sen�o eu vou ficar ganhando sal�rio merreca o resto da minha vida e vou ser mais um no meio da multid�o. Tenho que usar o meu talento e a vontade que eu tenho de crescer pra aparecer. A� quando voc� aparece, as coisas acontecem, n�?          (Ou�a )

Fernanda- Quem foi seu maior incentivador na carreira? Tem algu�m que te deu uma for�a e voc� nunca mais esqueceu?

Ricardo- Tem. Tive um amigo de r�dio que est� hoje em Portugal, trabalhando na R�dio Cidade, Gilberto Filho. Foi um cara que me deu muita for�a. Sempre conversava comigo e achava que eu levava jeito pra coisa... Eu sempre fui muito profissional, muito caprichoso, muito detalhista, ent�o ele sempre falava, ele j� tinha mais tempo que eu de r�dio: N�o, n�o desiste n�o, vai...  Depois do Gilberto, que foi l� no interior, a pr�pria S�nia Freitas, que � uma pessoa que eu tenho um carinho muito grande, que eu admiro muito,  me incentivou muito, sempre me dava for�a, toques, e o principal, sempre me deu liberdade para trabalhar, para ser quem eu sou. Depois eu vim conhecer o Eduardo Andrews, o "pai do r�dio" no Rio de Janeiro. N�o tem como voc� falar do r�dio no Rio e n�o falar de Eduardo Andrews, um "monstro sagrado"; o cara sabe tudo de r�dio, e foi o cara que apostou em mim na �poca em que eu estava na R.P.C., e que a R.P.C. virou FM O DIA. Tinha aquele fantasma de sempre ter trabalhado em r�dio jovem e de repente virou uma r�dio popular. Eu n�o vou esquecer essas palavras dele: " Voc� � a minha grande aposta. Vem, porque eu acredito muito em voc�.  N�o vou mudar voc�, vou diminuir um pouquinho s� nas g�rias que voc� fala,  voc� fala muita g�ria e tal, eu vou diminuir um pouquinho s� das suas g�rias, mas vou conservar voc� do jeito que voc� �. Voc� n�o vai mudar nada."  E n�o foi diferente. A r�dio explodiu, a FM O DIA explodiu, e eu fui junto com ela. Gra�as a Deus.     (Ou�a )

Fernanda- Sua imagem tamb�m est� muito ligada ao "Funk". Como o funk est� presente em sua vida?

Ricardo- Eu tive a primeira oportunidade com o Funk com o Marlboro, na R.P.C e foi um estouro! Eu e o Paulo Beto. Eu tinha um destaque como um cara mais "retardado" e o Paulo Beto era um cara mais centrado, que mantinha a coisa mais sob controle. Esses dois opostos funcionavam bem. De qualquer forma, eu fazia mais barulho.

Quanto � m�sica do Funk, eu gosto muito na hora que eu estou trabalhando. Naquela hora eu vivo aquilo que t� rolando. Depois daqui, n�o. Eu gosto de outras coisas.

Fernanda- E como � o Ricardo longe do microfone?

Ricardo- Eu tenho um s�tio em Barra Mansa, onde minha fam�lia est� e a� � sagrado. N�o tem jeito. Eu tive muito pouca oportunidade de viajar na minha vida, a n�o ser a trabalho. A maioria dos lugares que eu conhe�o foi trabalhando com televis�o, e a� nos domingos, se eu n�o estiver fazendo nada, pois at� hoje eu tenho um programa de r�dio, onde comecei, na R�dio Sociedade (s�bado �s 4 da tarde), domingo � o �nico dia que normalmente eu tenho livre. A� estou no s�tio com meu pai, com minha m�e, com minha irm�, minha cachorrinha... (Ou�a )

Fernanda- Voc� � um cara muito caseiro, n�o � mesmo?

Ricardo- Sou. Quando n�o estou trabalhando, estou em casa. J� trabalhei muito na "night" na �poca da R.P.C. Fiz muito baile...

Fernanda- Quem v� esse jeit�o, cabelo espetado, cal�a com corrente, acha que voc� � um cara da noite.... N�o � nada disso, ent�o?

Ricardo- � muito o personagem. Eu vivo muito essa coisa. O meu jeito de ser � a minha maneira de extrapolar o que eu penso, o que eu sinto, na hora em que estou trabalhando. Mas a�, quando acabou, eu vou embora pra casa. Adoro ir pra minha casa. Hoje, gra�as a Deus eu tenho o meu apartamento. Ent�o, eu curto demais isso. Para quem j� dormiu dentro do carro... Acabou, n�o tem mais nada, eu vou pra casa. A� entro, vou ouvir uma m�sica, vou mexer na Internet... enfim, acabo trabalhando tamb�m...

Fernanda- Que tipo de m�sica voc� gosta?

Ricardo- Ou�o tudo, eu ou�o Rock'N Roll, eu ou�o Santana... eu gosto muito... Gosto muito de Marisa Monte... putz...  caraca... Eu ou�o tudo, menos o que eu trabalho. Na minha hora de lazer eu ou�o tudo, menos o trabalho. O que rola aqui, rola s� aqui. Fora daqui eu vou ouvir outras coisas, at� porque eu gosto de estar antenado em tudo o que est� acontecendo. Todas as tend�ncias musicais, o que a galera t� ouvindo, o que est� chegando de novo... Estou sempre ligado nisso. Acabo trabalhando at� na hora de lazer. N�o tem jeito n�o... n�o tem jeito n�o.

Fernanda- Dizem que r�dio � uma cacha�a...Depois que voc� entra...

Ricardo- Verdade. Mas tem que se envolver. Eu t� sempre preparado pra alguma coisa. Dificilmente eu vou tomar uma "cal�a arriada" no ar. Porque eu estou sempre lendo, sempre querendo saber o que t� acontecendo, o que os artistas est�o fazendo... Normalmente n�o tem pauta. R�dio s� tem uma maneira de se fazer: se envolvendo, se entregando, se doando por completo... Tem que estar sempre preparado para alguma coisa. Gosto disso e procuro viver isso, menos domingo. A� eu fico em casa e �s sete da noite eu pego o carro, volto pro Rio.

Fernanda- Voc� tamb�m faz programa de televis�o. Pensa em seguir isso algum dia, fazer pra valer?

Ricardo- Gostaria muito. A primeira vez que apareci na TV foi com um projeto meu, eu desenvolvi. Eu sempre quis entrar pra Televis�o e n�o sou um cara muito bom pra pedir coisas pros outros, eu admito isso. Nesse meio � muito dif�cil. Tem que viver batendo em porta, se oferecendo... Esse neg�cio de pedir, me oferecer, n�o � comigo... � muito dif�cil, as portas se fecham. Eu queria entrar pra TV. Com um projeto nas m�os, se ele for bom, naturalmente vai encontrar algu�m pra abra�ar. No meio do caminho a R�dio descobriu o projeto e falou pra eu fazer aqui.

Mas � muito dif�cil. Todos os programas que eu fa�o at� hoje, ainda s�o independentes. Eu ou�o elogios, mas � preciso o maldito "QI"...

Fernanda- Voc� fez o BIG MIX tamb�m...

Ricardo- Fiz o BIG MIX TV, foi bom em termos de IBOPE, mas era o Marlboro que bancava. E bancar TV � um neg�cio muito caro. Hoje eu fa�o um programa de vendas, pauleira a semana toda...

Fernanda- E que tipo de programa voc� gostaria de fazer?

Ricardo- Queria fazer um programa ligado � m�sica. Ficar batendo papo com artistas, como na �poca do "FM O Dia TV" que eu tenho muita saudade. Explorar os pontos tur�sticos do Rio com os artistas, parar pra fazer um som... Achava isso maravilhoso! Estar em contato com os ouvintes... Tem dois anos que o "FM O Dia TV" t� fora do ar, mais de dois anos e as pessoas ainda perguntam. Foi um trabalho bem feito. Hoje em dia TV � s� bunda, bunda e bunda!

Fernanda- Prefere R�dio ou TV? Largaria o R�dio se dessem oportunidade de ter um programa s� seu?

Ricardo- R�dio e TV s�o coisas distintas. R�dio � maravilhoso, mexe muito com a cabe�a das pessoas.

Falar em largar o R�dio hoje em dia � complicado. Tenho grandes certezas aqui dentro. Sou um cara que n�o gosta muito de arriscar. Prefiro um na m�o que um monte voando por a�.

Fernanda- E os projetos pro futuro?

Ricardo- Continuo fazendo o meu hor�rio, caprichad�ssimo, sempre de olho na TV. Aguardando uma oportunidade. Mas estou muito feliz, fa�o o que gosto!

Fernanda- O melhor e o pior da profiss�o...

Ricardo- Melhor: chegar em casa, acabar o hor�rio, miss�o cumprida, o IBOPE bonito... Problema com IBOPE � complicado... Isso � o pior, mas nesses dez anos, nunca tive problemas, sempre tive um relacionamento legal com o IBOPE. Espero que isso perdure!

Fernanda- Voc� � uma pessoa que chega na r�dio, faz o seu trabalho e vai embora. N�o � de muitos contatos, nem de aparecer muito. Por que? Voc� acha que ambiente de comunica��o � meio que "um le�o querendo engolir o outro"?

Ricardo- Sim, no meio "comunica��o". Tudo o que lida com ego � complicado. Tem gente que n�o me conhece, nunca conversou comigo, me imagina uma pessoa totalmente diferente porque ouviu uma besteira e n�o gosta. S� consegue gostar de mim quem me conhece, quem conversa, bate papo... � meio que ficar sempre andando em terreno minado, e eu n�o gosto disso. Eu sou um cara muito sincero, muito franco. Quando eu gosto, eu gosto. Quando eu n�o gosto, n�o gosto. Quando, na maioria das vezes, voc� t� com um monte de gente mostrando os dentes pra voc� e por tr�s t�.... sabe.... Pra n�o ser tido como antip�tico e nojento, porque quando eu n�o gosto n�o adianta, eu n�o vou sorrir, n�o vou falar, n�o vou fazer, eu prefiro ficar sempre na minha.

Venho, cumpro a minha jornada e vou embora. N�o crio mais problemas. Porque quando se lida com ego � muito dif�cil. Tem inveja, ci�mes... Voc� vive no meio e sabe. Tem gente que n�o me conhece, nunca conversou comigo, enfim... Talvez pela posi��o que eu alcancei sem nunca ter passado por cima de ningu�m, sem nunca ter prejudicado ningu�m, sempre com o meu trabalho...Tem gente que n�o consegue aceitar isso. A inveja n�o deixa...

Fernanda- Voc� j� levou algum escorreg�o nesses anos por causa disso?

Ricardo- Voc� acaba se decepcionando com as pessoas, com certeza. J� houve ao longo desses anos todos. Voc� pensa que � seu amigo, conversa, fica pr�ximo e num belo dia a pessoa t� te crocodilando, querendo puxar seu tapete. Ah, n�o. N�o posso com isso. Eu fa�o o meu, da melhor maneira poss�vel, sou profissional ao extremo e acabou! Acho que � isso que eu tenho que ser pra empresa. A empresa n�o t� preocupada se eu vou aos eventos, com quem eu convivo. A empresa quer que eu chegue, cumpra meu hor�rio e que o IBOPE venha lindo! E nesses dez anos de O Dia, eu cumpri isso � risca. Miss�o cumprida.

Eu n�o gosto de participar de fofocas, disse-que-disse, futrica. Todas as vezes em que eu tenho que falar alguma coisa pra algu�m, eu falo na cara. Pode ser que eu seja delicado ou v� dar um esporro. E cinco minutos depois acabou. � melhor ser assim. Talvez eu me isole por causa disso. De vez em quando vou a alguns eventos, mostro minha cara, mas tamb�m ficou cansado por ter que acordar cedo no dia seguinte.

O dia em que as pessoas passarem a se preocupar mais porque eu estou aqui, porque me deram esse emprego, a� v�o crescer tamb�m. Tem gente que pensa que � simplesmente estar... E n�o �.

Se eu me sentisse "o cara", eu seria uma "merda" no ar.

Fernanda- Todo dia � um aprendizado...

Ricardo- Todo dia � um dia que voc� vai aprender alguma coisa nova. Essa g�ria "Enche meu p�o de queijo" j� � uma g�ria nova. Tem umas que eu nem lembro, mas as pessoas n�o esquecem. Na rua as pessoas passam por mim e falam "T� feio, mas t� na moda!". Eu n�o uso isso h� uns dois anos. Eu tento n�o cansar.

Fernanda- E esse teu estilo, cabelo espetado...

Ricardo- Na minha carteira de identidade eu t� com o cabelo assim.

Fernanda- Quanto tempo demora pra arrumar o cabelo, s� de curiosidade...(risos)...?

Ricardo- Tempo nenhum. Meu cabelo � assim. O dia que voc� me vir saindo do banho vai ver que ele � assim. Eu passo gel para dar a id�ia de que t� molhadinho. Tem um cara que cuida desse corte h� mais de dez anos. Tudo que ele sempre teve vontade de fazer nas cabe�as das pessoas, ele faz na minha. Eu acho legal, as pessoas t�m que ter um diferencial. Ele fecha o sal�o s� pra mim. Geralmente vai minha m�e, minha irm�.... At� meu pai vai.

Fernanda- Falando agora da vida �ntima. Voc� � casado, tem namorada? E filhos, pretende ter algum dia?

Ricardo- J� morei junto duas vezes. Sou uma pessoa muito complicada, sou muito organizado, detalhista. Signo de Escorpi�o... Tenho um g�nio... E acho que nunca dei sorte com mulher.

Fernanda- Mas voc� acha que n�o tem sorte por causa do seu forte temperamento ou as mulheres � que n�o serviam?

Ricardo- Acho que as mulheres n�o serviam. Ou eu gosto muito ou n�o gosto. Quando eu gosto, sou muito legal. Trato bem, endeuso, fa�o carinho... Acabo tomando no.... dito cujo.... Quando eu n�o t� a fim, trato que nem porra louca, a� ficam apaixonadas... Mas eu n�o consigo viver na falsidade com quem n�o t� a fim. Nunca tive sorte!

N�o me lembro de ter tido sorte com mulher, jamais. A� eu j� me habituei. Eu at� entendo o lado das mulheres, que querem que o cara fique perto, leve pra jantar, sair... E eu n�o tenho tempo. Acho que nunca encontrei uma mulher que compreenda.

Minha fam�lia depende de mim hoje, ent�o eu tenho que correr atr�s. Eu adoro o que fa�o, ent�o acabo que n�o tenho tempo. Adoro mulher, tenho oportunidade de sair com v�rias mulheres, mas n�o me envolvo. Tem meninas que eu conhe�o h� cinco anos, tenho aqueles famosos "cachinhos", mas n�o me envolvo para evitar o sofrimento que �. O �ltimo relacionamento que eu tive h� dois anos foi catastr�fico.

Fernanda- Por qu�?

Ricardo- De repente porque eu me relaciono sempre com meninas mais novas, porque meu p�blico � muito jovem...

Fernanda- ... e filhos?

Ricardo- Acho que eu tenho medo de ter filhos porque eu tenho medo de envelhecer. Embora eu seja um cara muito respons�vel, cuido de toda a minha fam�lia, mas acho que mudaria muito a minha cabe�a. N�o � uma coisa que me faz falta hoje. Quero ter um "Ricardinho" de cabelo espetado um dia, mas n�o agora. Eu n�o teria tempo de conviver com ele.

Fernanda- Como voc� faz para saber se a mulher est� interessada no Ricardo Gama "pessoa" ou no locutor e apresentador?

Ricardo- Eu ligo a tecla "F". De f..... (risos) .... Eu fico de olho, sempre fico de olho nas pessoas. Pensa que n�o? Se ela quer se aproveitar, eu tamb�m me aproveito. N�o d� � pra ficar sozinho olhando pra parede, fazendo declara��o de amor pro azulejo. N�o d�. Vou vivendo. Quando eu estou envolvido � diferente. Vai ver que � por isso que eu estou sempre quebrando a cara! J� me falaram que mulher precisa estar sempre com a pulga atr�s da orelha... O que eu sei � lidar com meu trabalho! Mas eu entendo as mulheres... Eu nunca tenho tempo, n�o posso estar indo �s festas, saindo... Tenho minha fam�lia e eu nunca cortei o cord�o umbilical at� hoje. Eles s�o a minha vida e n�o abro m�o disso. Dif�cil encontrar uma mulher que abrace isso. Talvez eu seja um pouco ego�sta nisso e sei o quanto minha presen�a � importante para meus pais.

Fernanda- E 2003?

Ricardo- Quero trabalhar, fazer meu p� de meia. Trabalho, pensando no meu futuro. Pretendo fazer r�dio at� quando puder. J� acordo pensando no que posso fazer. No banho j� fico pensando em inventar coisas novas... � a minha vida, com certeza!


AGRADECIMENTOS

Ricardo Gama foi entrevistado por Fernanda Teixeira em 4 de dezembro de 2002 nos est�dios da
"R�DIO FM O DIA"

As fotografias foram feitas por M�rio Neto.

Agradecemos a Ricardo Gama, Fernanda Teixeira e M�rio Neto, pela realiza��o desta p�gina.

Uma p�gina de amor ao Rio!

Fernanda Teixeira e Ricardo Gama


 
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10-jun-2008