Criada no século XIV, a Place du Tertre, é outra referência turística no ‘tour’que você programar para sua estada em Paris. O lugar era o enclave mais famoso de artistas na História da capital francesa. Aqui, a poucos minutos da Basílica de Sacré-Couer, recuamos inapelavelmente no tempo da Paris de outras épocas, face a sua arquitetura incrivelmente intacta e fiel ao longínquo período de construção. A Place Du Tertre recebe centenas de milhares de visitantes, especialmente nos finais de semana, em meio ao intenso fluxo turístico (12 a 14 milhões por ano) rumo ao topo da colina de Montmartre, onde está encravada o colossal templo católico, inaugurado em 1919.

Ao chegar na região da Place du Tertre, o movimento se intensifica
A Place Du Tertre, a exemplo de todo o Monmartre, era a ponto preferencial de renomados artistas plásticos na virada do século XIX para o XX. Além de Utrillo, nativo de Montmartre, aqui moravam, trabalhavam ou simplesmente exercitavam seus talentos, figuras do porte de Cezanne, Monet, Toulouse-Lautrec, Pablo Picasso, Modigliani, Max Jacob, Matisse, Braque , entre tantos outros. Renoir, um dos mais célebres representantes do Impressionismo, aqui residiu por vários anos, bem assim o pós-impressionista Toulouse-Lautrec , que revolucionou o design gráfico da publicidade na época. O Bateau-Lavoir, conjunto de pequenos ateliês onde trabalhavam Picasso e outros nomes famosos das artes e da literatura, na vizinha rua Ravignan, foi o cenário apropriado para o nascimento da revolução estética do Cubismo.

Na praça, além de pintores e seus quadros, alguns hotéis
Hoje em dia, a Place du Tertre permanece repleta de artistas não tão conhecidos, mas não menos importantes. Eles compõem o ambiente e preservam a fama do lugar, consagrado como o maior centro da arte a céu aberto do planeta. A Câmara Municipal de Paris organiza e regulamenta o calendário de atividades na praça desde 1980, reunindo por volta de 300 pintores com trabalhos a óleo, acrílico e aquarela, além de colagens, desenhos a lápis, carvão e pastel, bem assim cartunistas que retratam em minutos o interessado visitante, com extrema perfeição. Na alta estação, os artistas dividem espaços com terraços de restaurantes e bares, mas ocupam toda a histórica praça entre novembro e abril. Detalhe: os artistas, necessariamente cadastrados, obrigam-se a expor obras originais, garantindo a singularidade de cada trabalho.

Placa indicativa da famosa Place du Tertre
Antigas casas e bistrôs datam da época da comuna de Montmartre (1871). Aglomerado urbano constituído de população majoritariamente pobre, suas linhas arquitetônicas escaparam à onda de demolições do Barão de Haussmann, responsável pelo projeto de desenvolvimento urbanístico de Paris, na segunda metade do século XIX, preservando ironicamente, para a posteridade, um cenário magnificamente ‘retrô’.

Destaque para o restaurante Le mere Catherine
A Paris dos cafés e pintores de rua encontra-se aqui. Assim como artistas expondo e vendendo suas obras, uma profusão de restaurantes predomina na Place du Tertre e arredores. Atenção para o Cremaillère, do início do século XX, e o La Mère Catherine, que serve generosas porções a preços bem aceitáveis. Como sugestão, vale pedir pain e moutarde para acompanhar o prato principal, uma tradição sem taxa adicional na conta do freguês. As sopas também são uma boa pedida, entre as quais a de cebola. E bom apetite, monsieur e mademoiselle!

As casas de crepes marcam presença na região
Além dos restaurantes, há casas especializadas em crepes deliciosos. E uma pâtisserie, com doces de dar água na boca, além de lojinhas de souvenirs (posters, sombrinhas, boinas,camisetas e claro, as famosas réplicas, em variadas dimensões, da torre Eiffel - uma febre local. Vale a pena comprar as lembranças por aqui, em função dos preços mais convidativos que os praticados em outros pontos de Paris.
Ao nos afastarmos da Place du Tertre, deparamo-nos com um ambiente residencial tranquilo e de rara beleza, contrastando com a agitação peculiar de áreas circunvizinhas da cidade-luz.

Loja de souvenirs e postais
Paris é muito rica, em passado e presente. Dessa forma, o Alma Carioca voltará brevemente a visitá-la, para oferecer ao internauta detalhes que a transformaram, décadas a fora, no centro mais procurado por turistas de todos os continentes. Au revoir!
Créditos:
Matéria de Antônio Júnior com exclusividade para o site Alma Carioca
* Antônio Júnior, jornalista, é nosso correspondente na Europa.
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