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Na manh� de ontem, perto de Grenoble, no sudoeste da Fran�a, um �nibus que
transportava 50 peregrinos poloneses com destino ao santu�rio de Notre-Dame de
la Salette, nos Alpes, mergulhou no leito de um rio ao trafegar em alta
velocidade por uma estrada proibida � passagem de ve�culos pesados. Morreram
pelo menos 26 pessoas, todas anci�s.
Duas horas depois, estavam no local do acidente, a 700 quil�metros de Paris,
o primeiro-ministro franc�s Fran�ois Fillon e o ministro que cuida das estradas
Jean-Louis Borloo. Em seguida, chegou a ministra do Interior Michele Alliot
Marie. O presidente da Pol�nia Lech Kaczynski avisou ao presidente da Fran�a
Nicolas Sarkozy que viajaria de imediato para visitar os 24
sobreviventes.
Kacczynski desembarcou em Grenoble �s 12h45, hor�rio de Bras�lia. Foi
recebido no aeroporto por Sarkozy. Juntos, os dois consolaram os feridos
internados no Hospital Geral de Grenoble. De l�, Kacczinski telefonou para
familiares de alguns dos mortos. Sarkozy declarou que acompanhar� pessoalmente o
inqu�rito para apurar as causas mais do�acidente.
Aqui, �s 18h45 da ter�a-feira da semana passada, um Airbus-320 da TAM
espatifou-se ao aterrissar na pista principal,�escorregadia e ainda inacabada do
aeroporto de Congonhas. Morreram cerca de 200 pessoas. S�o Paulo fica a uma hora
e vinte minutos de v�o de Bras�lia. O Comandante da Aeron�utica embarcou para l�
na mesma noite, mas n�o saiu da Base A�rea.
O ministro da Defesa n�o saiu de Bras�lia. O presidente da Rep�blica
reuniu-se com ministros no Pal�cio do Planalto, decretou luto oficial e�divulgou
uma nota de pesar. N�o telefonou para o governador de S�o Paulo. Nem para o
prefeito. Muito menos para parentes das v�timas. Sumiu de circula��o durante
tr�s dias. Recuperava-se de um inc�modo ter�ol no olho direito.
Acossado pela imprensa, ocupou cadeia nacional de televis�o para lamentar a
trag�dia e admitir que o sistema a�reo do pa�s "passa por dificuldades".
Alegou que o maior problema � o excessivo n�mero de v�os em Congonhas. Prometeu
construir um novo aeroporto. E advertiu que "n�o se pode condenar ou absolver
quem quer que seja com base em opini�es apressadas".�Freud
explica...
� preciso dizer mais o que sobre o comportamento de Lula? Que ele�faz o tipo
do malandro esperto�que costuma se esconder ao ser confrontado com algum fato
capaz de causar danos � sua imagem? N�o foi assim no caso do mensal�o?
Que�costuma ser antes de tudo solid�rio com os amigos metidos em encrencas? E
que depois entrega a cabe�a deles para salvar a sua?
A TAM recomenda em seu manual destinado aos pilotos�o uso do reversor em
pot�ncia m�xima nos pousos do Airbus-320. Mas o avi�o que caiu em Congonhas
voava com o reversor a meia bomba. O do presidente da TAM, certamente n�o
voa.�Cresceu em 40% o n�mero de passageiros de avi�o nos �ltimos quatro anos.
Foi por conta da prosperidade, como observou o ministro da Fazenda.
Mas no mesmo per�odo, os gastos do governo com seguran�a a�rea despencaram em
quase 50%. Afinal, era indispens�vel aumentar o super�vit prim�rio para ganhar
credibilidade l� fora e atrair money. "Em determinados cargos, a gente n�o diz
aquilo que pensa nunca; a gente faz quando pode e, se n�o pode, a gente deixa
como est� para ver como � que fica", ensinou Lula no �ltimo dia 17.
� preciso dizer mais o que sobre a culpa do governo e da TAM pela maior
trag�dia da hist�ria da avia��o na Am�rica do Sul? Por irrespons�vel, o
presidente da TAM deveria estar preso. Por inepta, a c�pula do setor a�reo
deveria ter sido ejetada dos seus assentos no dia da trag�dia ou mesmo antes da
colis�o recente do Boeing da GOL com o jatinho Legacy. Morreram 155
pessoas.�
Ali explodiu de vez a crise antecipada para Lula em relat�rio de mar�o de
2003 entregue pelo ent�o ministro da Defesa Jos� Viegas. Tudo bem que Lula n�o
tenha lido o relat�rio - ele carece de paci�ncia para ler documentos com muitas
p�ginas. Mas foi posto a par do conte�do dele. E o que fez para abortar a crise?
Nada. Deixou tudo como estava para ver como ficaria.
Top, top, top, pois, para Lula e o governo dele. Top, top, top para a TAM que
arrisca a vida dos clientes para aumentar sua margem de lucro. Ao cabo, top,
top, top para n�s que pagamos impostos e voamos por prazer ou a trabalho. Ainda
faltam mais de tr�s anos para que a esse governo suceda outro. Mas assim como os
s�culos, os governos nem sempre come�am ou acabam na data marcada.
O s�culo XX come�ou em 1914 com a eclos�o da 1a. Guerra Mundial. Nada de
relevante aconteceu antes. E terminou com o fim do comunismo e o desmanche da
Uni�o Sovi�tica em 1991. Nada de relevante aconteceu depois. O s�culo que
vivemos come�ou de fato no dia 11 de setembro de 2001 com o atentado �s torres
g�meas. Est� com toda a pinta de que ser� emocionante.�
O segundo governo�Lula ainda n�o come�ou � salvo para os que acreditam no
Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) como seu marco inicial. O PAC est�
para o novo governo Lula assim como o Fome Zero esteve para o velho - ambos s�o
pura pirotecnia. Na pr�tica, o Fome Zero morreu de inani��o. N�o se ouve mais
falar dele. O PAC ainda render� por algum tempo.
Cuide-se Lula para n�o repetir o exemplo do seu antecessor. O segundo governo
de Fernando Henrique Cardoso acabou no primeiro m�s de vida com a desvaloriza��o
do real. Era tudo o que ele prometera n�o fazer. O distinto povo brasileiro foi
v�tima de um estelionato eleitoral. Mais tarde, o apag�o de energia se
encarregou de enterrar o governo que jazia insepulto e�cheirava mal.
Nunca jamais na hist�ria deste pa�s os ventos da economia sopraram t�o fortes
a favor de um governo que disponha de uma razo�vel dose de talento e de sorte.
Na verdade, quem conspira contra o sucesso do governo Lula � Lula em primeiro
lugar. Em segundo lugar,�� ele tamb�m. E em terceiro, parte da turma que ele
recrutou para desfrutar das vantagens do poder.�
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