Alma Carioca - Rio Antigo

Sede do jornal O PAIZ - Av. Central

Fotografia de família enviada por Alexandre Raposo, a quem agradeço.

Prédios suntuosos, edificados segundo critérios estabelecidos no Concurso de Fachadas da Avenida Central, foram sendo destruídos, algums décadas depois, para dar lugar a outros mais altos, porém, sem o mesmo requinte artístico. à direita, a sede de "O Paíz", na esquina da Rua Sete de Setembro, onde, em 1908, o repórter Gustavo Lacerda fundou a Associação Brasileira de Imprensa - ABI. O Jornal do Brasil e o Jornal do Commércio, entre outros, também se instalaram na avenida.

 

"A esperança de um bello dia sagrando uma bella data e uma bella obra desfez-se, infelizmente; o sol não veiu, e foi sob um aguaceiro impertinente e odioso, fino e pulverizado a começo, grosso e encharcante depois, que se fez hontem a inauguração da formosa avenida que foi, no dia da festa da República, a concretização mais evidente e irrecusavel das suas promessas de melhores dias. O ceo amanheceu turvo e torvo se conservou até a noite, como uma carranca de sebastianista impenitente... ...a multidão que veiu para a rua e que a despeito do chuveiro se derramou pela grande via, enchendo-a de vida e movimento... ...A fita inaugural da avenida fôra rota; a grande via estava aberta officialmente para o Rio de Janeiro; e por entre a massa popular, vibrante, exaltada, movida por um explicavel e justo enthusiasmo, a carruagem presidencial, onde se alliavam as figuras do chefe do Estado e do ministro que fizera a construcção admirada, desfilava vagarosamente diante das continencias da divisão e das acclamações do povo. (...)"

O Paiz, 16 de novembro de 1905.

 

Comentário e foto de Andre Decourt:

Vemos o edifício do jornal “O Paiz”, um dos maiores jornais de antes do golpe de 1930. Esse prédio foi destruído nos dias que se seguiram ao golpe dos “tenentes”, que levaram Vargas ao poder de forma ditatorial por quase 16 anos.

O PAIZ era um órgão de comunicação ligado às elites da velha república, defendendo os interesses da famosa política do café com leite. Sua destruição foi uma ironia do destino, pois esse jornal, fundado por Quintino Bocaiúva, passou seus anos de segundo reinado insuflando os ministérios militares contra Pedro II, até que conseguiu detonar o golpe contra o monarca.

Foi destruído porque era prática comum daquela época se “empastelar” as redações e escritórios dos meios de comunicação que eram contrários, quando havia um golpe em nosso país.

Os militares pós 1964 fizeram isso de uma maneira mais discreta mas destruíram grandes jornais, como o “O Correio da Manhã”.

O Paiz ficava nas esquinas da Rio Branco com 7 de Setembro, tendo sua primeira sede na rua do Ouvidor.