Alma Carioca - Rio Antigo

Lagoa Rodrigo de Freitas - 1936

Foto de Benjamim Aguiar de Medeiros.

Agradecemos a Jorge Medeiros, seu filho, pela linda imagem que nos enviou.

Das fotos que tenho recebido de nossos leitores amigos a que mais gostei foi essa. Mostra a lagoa Rodrigo de Freitas em 1936, sem os últimos aterros. Permite viajar pela imagem, vendo a favela da Praia do Pinto, o local onde ficará, mais tarde, o Monte Líbano (nesta época ainda era água), a Pedreira do Baiano, o Jardim de Alah.

Pontos a observar:

- O Flamengo construiu o estádio sem que houvesse espaço para caber, com folga, o campo de futebol. Um chute mais forte jogava a bola no meio da lagoa. Já contava com o aterro.

- Tudo leva a crer que nossos governantes pretendiam aterrar muito mais. Notem, ao lado do Clube Caiçaras, a longa faixa de terra que entra pela lagoa. Estavam muito mal intencionados. Felizmente voltaram atrás, removeram o aterro, e o Caiçaras passou a ser apenas uma grande ilha artificial. Anos mais tarde, na década de 60, o Caiçaras recebeu grande quantidade de areia, retirada da Praia do Leblon, e teve a sua área aumentada em mais de 100%. Hoje ocupa todo um quarterirão e um observador atento pode identificar a área antiga e o acréscimo (as margens são diferentes). Isso tudo aconteceu muito rapidamente, os caminhões circulavam à noite, levando a areia retirada do Canal do Jardim de Alah para a Ilha dos Caiçaras.

- Os terrenos onde estão o Monte Líbano, AABB, Cruzada São Sebastião não existiam. Nesta foto podemos ver que tudo isso ainda era lagoa em 1936.

- Ipanema já tem cara de bairro. O Leblon ainda é um grande loteamento. A Ataulfo de Paiva quase não tem construções.

- A lagoa ia até a Pedreira do Baiano. Pelo local da "Cruzada" passava o "Caminho da Barra".

- A favela da Praia do Pinto já existia e era enorme, em 1936.

- Nesta época a lagoa tinha a forma de um coração. Hoje, com o novo aterro, feito em frente ao Jóquey, no Parque dos Patins, o coração está meio infartado.

Uma imagem que mostra como temos sido governados. Interesses particulares sempre estiveram acima de tudo. O dinheiro sempre falou mais alto.