Alma Carioca - Rio Antigo

Vista do alto do Corcovado, no início do século XIX

Fotografia da coleção do Sr. Carlos Cattoi, que nos foi enviada por André Decourt. 

André é, também, autor dos comentários que se seguem.

 

Este é um postal bem conhecido. Em grande resolução podemos ver o local da Cobal do Humaitá, tomado pela grande garagem de bondes, bem na parte inferior direita da foto, constatar que o prédio do colégio Santo Inácio ainda não estava concluído, que aquela chaminé que fica nos fundos da rua Lauro Müller ainda tinha sua fábrica. E que em ruas como a Visconde de Caravelas, Conde de Irajá, Camuriano, Miranda Valverde, além dos terrenos baldios, havia um forte standarização das construções, certamente um embrião para os primeiros prédios de apartamentos que iriam surgir uns 20 anos depois.


Região entre os morros do Pasmado, São João e da Urca. Vemos, com destaque, na parte baixa, o grande casarão da faculdade Hélio Alonso. Segundo Brasil Gerson, originalmente sede do Recolhimento de Órfãs de Desvalidas de Santa Teresa. A rua na esquerda é a General Góis Monteiro. Na Lauro Müller vemos a velha fábrica de onde hoje só sobra sua chaminé. Era uma fábrica têxtil. Mais para cima vemos a região da Av. Pasteur, pós-exposição de 1908, o prédio do 3º RI, destruído por bombardeios aéreos na intentona Comunista de agosto de 1935, já está afrancesado, pois serviu na exposição como pavilhão das indústrias.Com a sua cúpula, no dia em que os democratas e comunistas tentaram derrubar Vargas, ruiu como um castelo de cartas, em virtude das bombas atiradas de aviões e da artilharia naval. Mais ao lado, o terreno da escola Nacional de Medicina ainda vazio, o que nos dá a foto de antes de 1918. A faculdade foi demolida no início dos anos 80, por alegados motivos de segurança nacional, tendo seu terreno por nada ocupado até hoje. Vemos também o cais da Urca, e a ponte, essa área seria aterrada mantendo-se o quadrado, que tinha a finalidade de ser uma piscina para competições de natação. No meio da foto podemos ver que o estádio do Botafogo ainda não tinha sido construído, mas a sede, sim.



Uma grande aproximação da rua São Clemente altura das ruas Sorocaba, Dona Mariana, Guilhermina Guinle e 19 de Fevereiro. Vemos um colégio Santo Inácio ainda incompleto, bem no centro da foto. Seu pátio interno ainda não está fechado e o prédio tem a forma de um grande L. A torre de sua igreja é bem nítida. Do outro lado da rua vemos a casa dos Lineu de Paula Machado, que existe até hoje, mas por causa da densa vegetação de seus jardins só pode ser apreciada de alguns ângulos. A rua Eduardo Guinle aparentemente ainda não foi urbanizada e seu traçado é um grande matagal. Em direção ao topo da foto vemos a Villa Gauy, fundada em 1880, e que também existe até hoje, mas quem passa por seus portões pintados de verde não tem idéia de o quanto ela é grande. Quase no topo da foto temos a densa vegetação da casa de Rui Barbosa.



Região das ruas Real Grandeza e Voluntários da Pátria.

Vemos, com grande destaque, a igreja Matriz de São João Batista da Lagoa. Descendo a Voluntários e chegando na esquina da Real Grandeza, podemos comprovar que o prédio da Casa Real, Confeitaria, Padaria e Café, já estava lá, e com certeza com ela instalada, pois é uma casa comercial quase centenária. Mais à direita podemos ver que no lugar do grande conjunto de Furnas havia, além das casinhas na rua Visconde Silva, uma grande mansão de centro de terreno. A rua Henrique de Novais (a da casa da Matriz) é uma tênue trilha no meio do mato, e sem comunicação com a Real Grandeza. No pé da página podemos ver o grande número de casas iguais, e onde essa tipologia acompanha todos os logradouros até o Humaitá, ou seja é o prelúdio das habitações coletivas para a classe média que alguns anos mais tarde daria origem aos apartamentos.



Vemos a maior necrópole da zona Sul, o cemitério São João Batista, surpreendentemente pouco ocupado. Reparem bem que as aléias, junto à grade principal, ainda são só jardins, exceto pelos túmulos junto às grades, certamente vendidos a peso de ouro, para um mórbido status e cujas belas lápides até hoje passam curiosidade aos motoristas presos nos engarrafamentos constantes da rua General Polidoro .




Vemos, com destaque, a rua Marques e a esquina com a rua Capistrano de Abreu, bem como a rua Voluntários da Pátria. À esquerda temos algumas palmeiras do largo dos Leões e, no meio de tudo, a imensa garagem de bondes do Botafogo, a maior e mais importante na zona Sul, depois da do Largo do Machado. Onde ficava a garagem temos hoje a Cobal do Humaitá.



Morro da Viúva, Av. Oswaldo Cruz. Reparem que não há nenhuma grande construção em volta do morro e podemos ver, na sua parte de cima, as caixas d’água que existem lá até hoje, mas só são visíveis de avião. As obras da Av. Rui Barbosa aparentemente já começaram, mas não podemos ver com nitidez se já dão a volta no morro, acredito que a pedreira ainda esteja lá, pelo grande galpão que podemos ver.