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Rua Camerino |
Localizada pr�xima � zona portu�ria, a Rua Camerino foi escolhida pelo marqu�s de Lavradio para centralizar o com�rcio de escravos, at� ent�o espalhado pelas ruas do Centro. T�o logo desembarcavam dos navios negreiros, nus e cheios de doen�as, os escravos eram levados aos dep�sitos improvisados na Camerino, onde aguardavam compradores. Era ponto de intenso movimento. Em visita ao Rio em 1792, lorde Macartney calculou em 5 mil o n�mero de escravos ali vendidos anualmente. Nessa �poca, a rua era conhecida como Valongo, por sua semelhan�a com uma regi�o nos arredores da cidade do Porto, em Portugal, at� ser rebatizada como Rua da Imperatriz, depois que d. Teresa Cristina, mulher de D.Pedro II, percorreu aquela �rea. � rica e variada a cr�nica do local. Em 1826, o naturalista franc�s Victor Jacquemont relatou sua indigna��o pela maneira como eram expostos os escravos no Valongo: "Os homens, as mulheres e as crian�as, separadas por completo, viviam sentados e acorrentados com ung�entos que disfar�assem suas feridas. Entre seus mais h�beis vendedores, se destacavam os ciganos, que moravam nas imedia��es do Campo de Santana". Um dos personagens mais curiosos desse Valongo oitocentista era o mestre de reza Tom�s Cacha�o, que se ocupava de catequizar os negros ao cristianismo e o fazia aos bofet�es, geralmente nos seus dias de bebedeira. Muitos, retirados j� doentes dos por�es dos navios, morriam ali mesmo e eram enterrados num cemit�rio pr�ximo, na Gamboa. Com a ilegalidade do tr�fego de escravos, a rua teve seus trapiches reformados para abrigar armaz�ns de exporta��o e importa��o e, bem mais tarde, o nome mudado para Camerino em homenagem � atua��o do comerciante baiano Francisco Camerino de Azevedo, morto na Guerra do Paraguai. J� na �poca do prefeito Pereira Passos, no in�cio deste s�culo, foi ali instalada a Assist�ncia P�blica do Rio, com ambul�ncias importadas da Europa. Com o adensamento do Centro, os velhos sobrados da Rua Camerino foram cedendo lugar a modernos edif�cios ou simplesmente demolidos para abrir espa�os a estacionamentos. Ainda muito movimentada, como op��o de tr�fego entre a Pra�a Mau� e a Avenida Presidente Vargas, a rua conserva alguns pr�dios antigos, utilizados como hospedarias ou ocupados por um pequeno com�rcio.
Fonte: Jornal do Brasil - Dupla Exposi��o - Bruno Thys Foto: Arquivo Geral da Cidade - Funda��o Casa de Rui Barbosa |
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