Alma Carioca - Rio Antigo

Cortiço (ou Estalagem) na Rua dos Inválidos - Foto de Augusto Malta

Definido oficialmente como uma "habitação coletiva, geralmente constituída por pequenos quartos de madeira ou construção ligeira algumas vezes instalados nos fundos de prédios e outras vezes uns sobre os outros; com varandas e escadas de difícil acesso; sem cozinha, existindo ou não pequeno pátio, área ou corredor, com aparelho sanitário e lavanderia comum", o cortiço reinou absoluto - juntamente com casas de cômodos e estalagens, denominações que freqüentemente se confundiam - com a alternativa mais econômica para a a habitação de baixa renda na cidade do Rio de Janeiro.

A principal característica dos cortiços, seu pátio central, era, ao mesmo tempo, área de lazer e de trabalho para seus moradores. Os varais, com as roupas "tremulando qual bandeiras agitadas", denotavam uma importante função econômica e social, ainda hoje presente na vida brasileira, que as lavanderias (tradicionais e automáticas) e a tecnologia não conseguiram eliminar: a das "lavadeiras pra fora". Tanques e sanitários comuns promoviam a promiscuidade e comprometiam a saúde pública, transformando os cortiços em focos propagadores de doenças. 

O prefeito Barata Ribeiro pretendia erradicar os cortiços e casas de cômodos, mas não teve tempo: sua administração durou apenas cinco meses. O prefeito Pereira Passos prosseguiu com as demolições de sobrados antigos e decadentes, construídos em lotes estreitos e profundos, com muitos cômodos. As fachadas, com razoável aspecto, escondiam interiores deteriorados, subdivididos e ocupados por numerosas famílias, que utilizavam o banheiro e a cozinha coletivamente.

Fonte: Memória da Destruição - Rio, uma história que se perdeu
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro