Dez e meia da manh�. Copacabana. Sexta-feira. Lanchonete cheia.
Suco de maracuj� numa das m�os, bolsa na outra, me dirijo, apressada, � sa�da, aproveitando para pegar um
canudo.
E a� os vejo.
O mais velho, nove ou dez anos, me faz um sinal, a princ�pio
n�o decodificado: polegar e indicador na horizontal.
Subitamente, compreendo,
horrorizada:
ELE EST� PEDINDO PARA EU DEIXAR UM POUCO DO MEU SUCO, NO FINAL, PARA ELE!
Tonteio e me recuso a acreditar. Mas � verdade! Torno a
olhar e me perco naquele rosto sofrido, de uma beleza �mpar, cujo olhar me
fascina: luz, pura Luz!
Reajo, finalmente, e corro de volta ao balc�o. Pe�o dois lanches. Como n�o d� para segurar os dois
sacos ao mesmo tempo, pego um deles e levo at� os meninos, na cal�ada.
Ao chegar, ele me recebe sorrindo e (a� se supera) entrega tudo ao irm�o, dizendo:
- Come voc�, que hoje n�o estou com fome.
Ao entender seu gesto, me apresso em voltar e, rapidamente, entrego o outro saco a ele, que sorri,
agradecido.
Aniquilada diante de tanta nobreza, n�o sei o que fazer ou dizer. Ofere�o, ent�o, o meu
melhor sorriso e saio a passos lentos, a alma em paz, a reafirmar minha inabal�vel cren�a na
esp�cie humana!
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