Era uma vez uma adolescente muito bonita. (Tanto que o seu apelido era Lindoca...). Vivia com a m�e numa bela fazenda, Boa Esperan�a, numa cidade do interior. Tinha muitos irm�os, fam�lia grande, de imigrantes su��os. Sonhava em se casar e ser feliz.
Um dia, uma de suas irm�s faleceu, ainda bem nova, deixando v�rios filhos.
E, comum naqueles tempos, o cunhado se apaixonou por ela e... foi correspondido!
Era ele bonito tamb�m. Sens�vel, mantinha uma banda de m�sica na cidade. Olhos claros e finas maneiras, sedutor, deu-lhe um livro: "A linguagem das flores". A cada dia, enviava-lhe uma esp�cie diferente. Ao receb�-la, corria ela para decifrar, naquelas p�ginas, o seu significado... E assim, o romance fluiu...
Logo se casaram, ela com 19 anos. Foram morar na magn�fica fazenda dele, Monte Alegre. L�, entre paisagens id�licas, viveram o seu amor. Ela, vaidosa, se vestia bem, tecidos franceses, vida de conforto. A casa bem mantida, sonho realizado. Um �nico filho completou-lhes a felicidade.
Eis que, sete anos depois, o encanto se quebra: uma epidemia, que matou muita gente, encerrou, fisicamente, este caso de amor.
FISICAMENTE, apenas!
Vi�va precoce, vendeu a fazenda para um cunhado e voltou a morar com a m�e, na cidade. O filho cresceu, casou-se, ela foi av�.
Nunca, por�m, deixou o luto. J� no final da vida, oitenta e tantos anos, fazia a concess�o de usar preto e branco... a saudade eterna n�o lhe permitia arco-�ris... No medalh�o, pendurado no peito, o retrato DELE!
E assim foi, at� os seus dias finais. Digna, bela, lindos olhos cinza-esverdeados, contrastando com o negro das vestes... fiel ao seu grande amor!
(Este relato me exauriu emocionalmente: afinal, trata-se da bel�ssima hist�ria de amor da Vov� Dinda e do vov� Ernesto, meus queridos av�s paternos, imortalizados na foto de hoje!)
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