Observo, apreensiva, a minha samambaia ("renda portuguesa"). Há dois anos me dei de presente esta maravilha, no dia do meu aniversário. Sonho antigo, realizado.
Coloquei-a no escritório e ela se adaptou, sem grandes arroubos, a olhar o sol, mas sem dele receber a bênção.
Na nova casa, ofereci-lhe, orgulhosa, a possibilidade de uma vista ímpar, sol à tarde, vento ou brisa, chuva e canto de pássaros... Dei-lhe o que eu tinha de melhor. Não gostou! (claro, elas não gostam de vento, como pude me esquecer?)
Resolvi, então, transportá-la para uma outra vista, lateral, nesgas de sol de manhã e de tarde. Adorou! Ficou ainda mais linda...
Egoisticamente, então, levei-a para a minha sala, bem clara e a coloquei na mesa, soberana...
Para meu desconsolo, a primeira folha amarelou, de um dia para o outro... e a segunda... e a terceira...
Me preocupo...
É adaptação? Ou a planta vai morrer?
Deixo onde está... espero... ou me privo da sua companhia e a levo de volta?
Como as pessoas, que nos surpreendem a cada minuto, as plantas também impõem as suas regras de bem conviver.
Sabiamente, em silêncio...
Cabe a nós entendê-las e propiciar-lhes condições ideais para que possam externar a sua gratidão em forma de verdes brotos...
Vegetais e humanos, irmanados, buscando compreensão, que germina em sintonia.
Ou seria... sinfonia?
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