Acabo de ler no jornal: gêmeas siamesas iraquianas morrem, depois de serem separadas em cirurgia de mais de 50 horas.
Os detalhes que se seguem tentam me desestruturar por completo, mãe de gêmeas que sou. Ambas advogadas (como, meu Deus??), pretendiam seguir destinos diferentes. Apesar das chances de apenas 50% de sucesso, consentiram em se submeter à operação.
O que mais me comove, nisto tudo, é a ânsia de liberação que daí se depreende.
Divago e tento imaginar a imensa alegria que deve ter se apossado das duas ao, finalmente, conseguirem uma equipe médica que as operasse. E os planos? Quantos e quais teriam sido?
A maravilhosa sensação que, cada uma (e não as duas!) experimentaria ao, simplesmente, SER.
Ao poder exercer, finalmente, a sua individualidade, bem maior.
E me pego a refletir, nesta manhã radiosa, sobre a noção de liberdade. Vigorosa palavra! Música cristalina que tantos guiou. Que nos embala os sonhos, que nos leva a travar embates inimagináveis, às vezes contra nós mesmos...
Que a tristeza que se apoderou dos corações sensíveis do mundo, ao saber do acontecido, consiga ser sobreposta pela fantástica constatação de que o sonho das gêmeas não foi em vão, pois que separadas foram e, livres, SÃO. (Ainda que isto lhes tenha custado esta vida!)
Devemos, pois, saúda-las, vencedoras incontestes:
LÍBERAS, enfim!
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