Pingo, meu gato siamês, a adorava... Comia suas folhas de um lado só.
Nasceu ao acaso. O florescer tímido contrariava sua pujança. O galho frágil se tornara, rapidamente, um tronco em miniatura, promessa de árvore.
Folhas crespas, consistência de areia, impunha-se.
Cultuava o sol e a água abundante.
Um dia, cedeu, a contragosto, seu lugar a um girassol arrebatador.
Colocada num outro vaso, imediatamente enlutou, enciumada. Folhas, agora, secas, retorcidas, acobreadas.
PÂNICO!
Teria eu matado aquela planta tão diferente?
Duas semanas se passam. A amiga, criada no interior, é taxativa:
-- Arranca e joga fora. Está morta, não tem mais jeito!
Mas, como fazê-lo?
A culpa me paralisa. Quem sabe, mais um diazinho...
E então, déspota, decreto: mais uma semana, e só! (Adiamento de execução...)
O dia se aproxima... e nada! Nem sinal de vida.
Me esqueço de molhá-la...
No final de semana marcado, me dirijo à varanda a fim de desocupar o vaso e encerrar a história.
E aí, eis que meus olhos enxergam o improvável, o inusitado: qual fênix, ela ressurgira! Vibrante e poderosa!
Três lindas e tímidas folhinhas verdes me olham, assustadas, a pedir clemência.
E eu, ao invés de me sentir poderosa, me curvo à força da natureza, humildemente...
E me sinto feliz!
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