Na loja de departamentos, os seguranças velam, ternos negros, negros óculos.
Consumidores entram e saem, num feérico balé.
O ar recende a perfume caro, liberto pelas sofisticadas portas automáticas que se abrem e fecham à aproximação de mais um cliente.
É final de primavera. A temperatura começa a se elevar. Não obstante, os casacos leves ainda passeiam acompanhados de esvoaçantes
foulards.
Clima de metrópole: várias línguas são ouvidas, negócios milionários, almoços refinados.
O improvável, entretanto, se materializa:
UM REALEJO !
O periquito entrega ao passante esperançoso o papel da sorte. A mística e a música embriagam...
Algumas pessoas, magnetizadas, param.
Ao lado do dono, numa caminha, um cachorro e um gato dormem, lado a lado, ao som do realejo, caprichosamente cobertos por um
edredon azul!
E o surrealismo se instala, definitivamente, na calçada do sofisticado quartier de Paris!
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