Um grupo de amigas, professorandas, percorria o subúrbio, na Kombi do santo pai de uma delas, Regina. O objetivo era escolher o local em que iríamos trabalhar pela primeira vez. Daí a emoção da "viagem"...
Ao entrar na Escola Alfredo Gomes, na rua Tenente Palestrina, em Cordovil, senti, instintivamente, que era ali o meu lugar.
Antigo curral, conhecida pela comunidade como ESCOLA DO BOI, construção espartana: em U, com um modesto pátio na frente. Nas laterais, as salas de aula e, no final, cozinha, refeitório, quarto da servente e banheiros.
Naquele dia, lembro-me perfeitamente, o tempo estava chuvoso, mas um sol fraco conseguia se infiltrar por entre as nuvens. E estava fresco, e havia um cheiro de grama molhada, e de flores, em profusão! Estes odores e a excitação do momento, me fizeram refém ...
E lá fiquei por quatro anos, maravilhosos!
E lá tive o prazer de conhecer pessoas realmente incríveis. Só a servente, D. Rosalina, daria uma crônica, sempre com seu fiel cachorro, enxotando as crianças que pulavam o muro para comer amoras. E a Idair, cozinheira de mão cheia, que fazia o risoto mais gostoso do mundo? E as colegas? E os alunos?
O fato de morar no Flamengo e ter que estar antes das sete da manhã em Cordovil não representava nenhum problema: vibrávamos com a profissão! Chegávamos ainda escuro na Praça Quinze, quase deserta, e nada nunca nos aconteceu!
Como o Rio era seguro! Nosso pagamento era feito em espécie, por um carro-pagador que corria as escolas! Ficávamos esperando por ele e, depois, saíamos para pegar dois ônibus até chegar em casa! E nunca houve um assalto sequer!
Bons tempos aqueles da Escola do Boi...
(para Regina Maria de Sousa Pereira)
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