O CONSELHEIRO COME (I)

Jo�o Ubaldo Ribeiro

C

Foto de Paulo Teixeira

Quando eu era estudante em Salvador, tinha sempre um colega ou professor especialista em hist�rias sobre Ruy Barbosa, a maior parte delas com certeza inventada. N�o pode ser verdadeira, por exemplo, a anedota segundo a qual ele chegou a Londres e publicou um an�ncio no Times: "Ensina-se ingl�s aos ingleses". Tamb�m n�o boto muita f� em que ele se distra�a arrolando dezenas de sin�nimos para "chicote" ou "prostituta", embora at� hoje existam muitos conterr�neos meus que se aborrecem com quem desmente essas e outras alega��es.

Mas h� hist�rias sobre ele em que acredito. Uma delas, ali�s, nem o tem como protagonista, mas, sim, sua mulher. Dizem que, procurado para dar um parecer ou realizar um trabalho qualquer, Ruy Barbosa, como acontece com muitos intelectuais, n�o costumava puxar o assunto do pagamento. E contam que, depois de ver o marido explorado com freq��ncia, a mulher dele chamava o visitante para uma conversinha, na sa�da. Perguntava se tinham acertado alguma remunera��o e, como a resposta era quase sempre negativa, ela, delicadamente, pedia ao visitante que voltasse e combinasse um pagamento. 

- O conselheiro come... - explicava ela. 

Pois �, o conselheiro comia. E eu, apesar de n�o ser nem conselheiro nem �guia de Haia, tamb�m como. Mas creio que h� muita gente que acha que escritores, de modo geral, n�o comem, nem precisam de dinheiro para nada. Como tudo mais, deve ser culpa da imprensa, que costuma falar em escritores de best-sellers internacionais, os quais ganham dois milh�es de d�lares por m�s, papam nove entre cada dez estrelas de cinema e t�m vastas cole��es de carros e rel�gios de luxo. A verdade, ai de n�s, � que a maior parte dos escritores, n�o s� aqui como no mundo todo, tem que se virar de v�rias formas para conseguir viver modestamente.  

Acho que foi o Paulo Francis que se queixou, j� faz algum tempo, do volume de trabalho de gra�a que aqui esperam dele. Agora me queixo eu. O Brasil, me parece, � campe�o nesse tipo de pr�tica. As pessoas esperam que o escritor trabalhe de gra�a o tempo todo e ficam grandemente ofendidas quando ele se recusa. H� poucos dias, um grupo de estudantes universit�rios passou para mim a tarefa que lhes tinha sido incumbida pelo seu professor de literatura brasileira e, como eu n�o concordei em fazer o trabalho por eles, ficaram aborrecid�ssimos e s� faltaram xingar toda a minha �rvore geneal�gica. Para n�o falar que, mesmo que eu quisesse fazer o trabalho, n�o saberia responder a perguntas do tipo "como caracterizar sua inser��o no contexto da literatura brasileira p�s-moderna". 

As encomendas de trabalhos escolares aparecem mais ou menos a cada m�s. J� originais de livros para meu exame chegam todos os dias. A impress�o que tenho � que a maior parte dos autores deseja que eu largue tudo o que estiver fazendo, leia sofregamente os originais, adore tudo, escreva um pref�cio arrebatado e edite o livro - ap�s o que ele passar� a ganhar dois milh�es de d�lares por m�s, a papar nove em cada dez estrelas de cinema e, enfim, viver essa vidinha de escritor. E, na verdade, a pessoa n�o quer uma opini�o sincera, como sempre alega. Quer, o que, ali�s, � natural, receber a confirma��o de seu talento. Mas, se eu fosse ler todos os originais que me surgem, n�o faria outra coisa na vida. Al�m disso, tenho muito pudor de dar opini�o sobre o trabalho alheio, n�o me acho qualificado. E fico sem gra�a e me sentindo culpado porque n�o posso ler os originais. N�o � justo, pois n�o posso mesmo, mas � o que acontece.

Entrevista � outro trabalho de lascar. Parece-me que a entrevista devia ser destinada a obter informa��es que ainda n�o tenham sido tornadas p�blicas. Por exemplo, todo mundo que j� ouviu falar de mim sabe que eu sou baiano e moro no Rio. Contudo, a esmagadora maioria dos entrevistadores come�a perguntando onde nasci e se ainda moro em Itaparica. Uma rep�rter iniciou sua entrevista perguntando se eu era escritor. As perguntas s�o invariavelmente as mesmas e podiam ser respondidas com uma olhada nos arquivos do jornal ou revista, mas eu tenho de dar a entrevista e, novamente, trabalhar de gra�a. N�o ag�ento mais contar que livros publiquei, que gosto de escrever de manh�, que aprendi ingl�s quando era menino, que nasci em Itaparica e passei a inf�ncia em Sergipe etc. etc. etc. 

No caso da televis�o costuma ser pior. Todo mundo que trabalha em televis�o, aqui neste pa�s onde ela � das coisas mais importantes que existem, se acha o m�ximo porque trabalha na televis�o. A s�ndrome de Boz�, do Chico Anysio, assume v�rias formas. Os seguran�as tratam a gente como lixo, devendo dar-se por felic�ssima por ter a chance de aparecer na tev�. Para trabalhar de gra�a, a gente tem de comparecer ao est�dio, identificar-se, botar crach�, ficar esperando e obedecer ordens estranhas, tais como n�o olhar para a pessoas com quem se est� falando, mas para a c�mera. Uma vez me fecharam num cub�culo durante um tempo intermin�vel e a�, amedrontado, fugi. De vez em quando, algu�m fica indignado porque uso �culos e d� reflexo, ou porque sou careca e tamb�m d� reflexo, quase me obrigando a pedir desculpas por existir. 

O interessante � que, se o camarada � amigo do dono do armaz�m ou da quitanda, n�o lhe ocorre pedir para fazer a feira da semana de gra�a. Afinal, trata-se de um neg�cio, sobrevive-se daquilo. O escritor e o jornalista tamb�m sobrevivem de seu trabalho, mas parece que ningu�m acredita nisso. Volta e meia sou levado a crer, pelo jeito imperioso com que freq�entemente me intimam a trabalhar de gra�a, que acham que recebo um estip�ndio do governo para exercer essas fun��es. Quando, certa feita, aceitei pagamento para escrever e assinar um an�ncio, ca�ram de pau em cima de mim e dos outros que toparam o mesmo servi�o, como se tiv�ssemos vendido nossas santas e puras almas ao diabo. Sei que talvez fizesse muito melhor figura de escritor se vivesse bebum, esmolambado e tomando uns trocados emprestados aqui e ali. Mas, infelizmente, me falta voca��o, devo ser um falso escritor, nem milion�rio nem miser�vel.


O Conselheiro Come (II)

No relacionamento com o p�blico, escritores e jornalistas n�o s�o como atores ou cantores. Estes sentem de pronto, pelo aplauso ou pela vaia, se agradaram ou n�o. Aqueles s� de vez em quando sabem se o que publicaram foi bem recebido pelos leitores, atrav�s de uma eventual carta ou encontro casual. Assim mesmo, quando a rea��o � negativa, as pessoas geralmente evitam revel�-la diretamente. Aplaudir ou vaiar � mais f�cil, porque se trata de um comportamento grupal. J� chegar individualmente ao infeliz escrevinhador e jogar-lhe na cara que o que ele cometeu � ruim fica mais dif�cil.

Creio, contudo, ser uma exce��o, pelo menos parcial, porque tenho cr�ticos severos, alguns deles meus amigos, como o taxista Carl�o, exemplar profissional do volante que faz ponto no Jardim Bot�nico. De modo geral, Carl�o gosta do que eu escrevo aqui, mas, de vez em quando, sem muita sutileza, mas amistosamente, opina que "aquela do domingo passado estava meio chata", ou me diz que eu devia estar com azia, no dia em que escrevi isso ou aquilo. Um senhor esguio e de porte altivo, geralmente demonstrando estar com umas duas talagadas no ju�zo, de vez em quando me det�m, ao nos toparmos na rua, para apertar minha m�o e cumprimentar-me vivamente. Em compensa��o, h� dias, embora raros, em que apenas me acena de longe e grita:

-Olha a�, a de hoje estava uma desgra�a! Foi voc� mesmo que escreveu? Olha o n�vel, aten��o!

Rio amarelo, prometo tentar caprichar na pr�xima. Raciocino que, se o sujeito gasta seu dinheiro para comprar o jornal, tem o direito de criticar a mercadoria. Que � que vou fazer, quem sai na chuva � para se molhar e, afinal, estamos numa democracia e a livre manifesta��o da opini�o � sagrada. N�o vou ser hip�crita e dizer que n�o gosto de elogio e n�o me chateio com cr�ticas negativas, mas fa�o um sincero esfor�o para me comportar com a eleg�ncia poss�vel, tanto num caso quanto no outro.

E, quando uma cr�nica ou artigo d�, digamos assim, ibope, sinto uma esp�cie de felicidade secreta, entre as cartas de aprova��o, faxes (precisamos resolver esse plural de fax, palavra que o Aur�lio ainda n�o registra; j� que sou o ca�ulinha, vou perguntar aos mais velhos, l� na Academia) entusi�sticos, aplausos em botecos e outras demonstra��es. E os ibopes mais altos muitas vezes s�o uma surpresa para mim. Foi o que aconteceu com uma cr�nica (ou artigo, sei l�; vou tamb�m perguntar sobre isso na Academia), publicada h� uns dois ou tr�s domingos, em que eu, mencionando a preocupa��o da mulher do conselheiro Ruy Barbosa com que pagassem pelo trabalho de seu marido, comentava como querem que escritores e similares trabalhem de gra�a, aqui no Brasil.

Meninos, s� voc�s vendo. At� hoje chegam mensagens de solidariedade e n�o somente de escritores e jornalistas, mas de todo tipo de profissional, o que parece indicar que h� mais sopeiros e folgados entre n�s do que suspeitamos � primeira vista. Jorge Amado, ainda hospitalizado, mandou transmitir calorosas felicita��es e afirmou que, doravante, vai enviar minha cr�nica a todo mundo que lhe pedir para trabalhar de gra�a - ou seja, algumas centenas, ou milhares, de caras-de-pau. O festejado romancista Ant�nio Torres me telefonou, para, com a voz embargada de entusiasmo condoreiro, fazer um discurso de aprova��o. A bela e tamb�m festejada escritora Ana Maria Machado fez a mesma coisa. E mais outros, que os neur�nios que j� n�o disparam deletaram (n�o � assim que se diz, hoje em dia?) da minha pobre mem�ria.

Dois m�dicos, igualmente indignados, me mandaram cartas, contando como s�o praticamente for�ados a dar consultas gr�tis. Um deles, cardiologista, deu para variar seus hor�rios de cal�ad�o. Andava de manh�zinha, mas a "clientela" aumentou tanto que ele n�o podia mais andar, pois tinha de parar a cada minuto, para tomar o pulso de um, receitar um vasodilatador para outro e ouvir sem acreditar um sujeito lhe pedir para levar o estetosc�pio e o esfigmoman�metro (medidor de press�o arterial; desculpem o palavr�o, mas o Aur�lio diz que tensi�metro est� em desuso) para a praia, a fim de melhor servir a seus pacientes. O outro n�o atende mais telefone, porque, na quase totalidade dos casos, do outro lado da linha est� um consulente aflito, querendo s� o nome de um remedinho para o p�ncreas, ou para o f�gado, ou para frieira no ded�o.

Um pintor, que preferiu n�o se identificar, disse por fax que n�o ag�enta mais os pedidos de quadros de presente, com promessas de pendur�-los em local de destaque. Tamb�m se queixou de que vivem lhe mandando listas de presentes de casamento em que se comunica que se espera dele um ou dois quadros. Chico Sim�es, o filos�fico (escola est�ico-pragm�tica) propriet�rio lusitano do celebrado boteco Tio Sam - onde o general Figueiredo inaugurou outro dia a mesa presidencial, com um frugal almo�o de carne-seca desfiada, tutu, couve picadinha e pudim de leite-, j� perdeu a conta dos fregueses que acham pagar uma formalidade desnecess�ria. Ele pendurou um quadro-negro com os nomes dos que preferiram desaparecer a pagar ("temos saudades de Fulano, Sicrano e Beltrano", l�-se no quadro, mas o pessoal n�o se sensibiliza). � a vida, filosofa Chico.

Enfim, fiz grande sucesso. Exceto, � claro, entre a minha clientela de trabalho gratuito, que continua firme. Na semana passada, houve dias em que recebi quatro ou cinco solicita��es. Tive que aceitar umas duas, pois era isso ou abater o solicitante a tiros. Bem, � a vida, filosofo eu.


O Conselheiro Come (III)

Para quem n�o sabe ou n�o se recorda, tenho que explicar. J� escrevi aqui duas vezes a respeito de como a mulher de Ruy Barbosa (sei que a norma culta agora manda usar i, mas, se eu grafar "Rui", corro o risco de ser linchado na Bahia), ao perceber que n�o teria ocorrido a seu marido estabelecer pre�o para os servi�os que lhe confiavam, chamava o fregu�s e observava discretamente que ele tinha de pagar pelo trabalho.

- O conselheiro come... - lembrava ela.

O conselheiro, que por sinal passou dos setentinha, fa�anha digna de nota em sua �poca, deve ter sempre comido adequadamente. Mas, metaforizando-o para os dias de hoje, est� cada vez mais dif�cil o conselheiro comer. N�s, brasileiros, costumamos conceber o trabalho intelectual ou art�stico como algo que devia ser pago pelo governo, ou qualquer coisa assim, ou ent�o n�o devia ser pago de forma nenhuma. Na verdade, creio mesmo que h� uma conspira��o em andamento para acabar com o trabalho intelectual, obrigando os nefelibatas que se dedicam a ele a procurar coisas mais s�rias para fazer, como construir pr�dios auto-implosivos na Barra da Tijuca.

Lemos que Bill Gates, dono de 20% da Microsoft, � o homem mais rico do mundo e sua empresa vale mais do que as economias de muitos pa�ses. Mas o patrim�nio de sua empresa n�o � f�sico. � intelectual, est� no que produzem as cabe�as a que ele paga (bem) para pensarem para ele. Em todo o mundo, sabe-se que o capital do presente � o conhecimento. E se investe prioritariamente em educa��o, pesquisa e cultura em geral. Mas aqui, n�o. Aqui, a come�ar pelos professores de todos os n�veis, educa��o chega a parecer um luxo e os profissionais que se dedicam a ela recebem �s vezes sal�rios que seriam considerados insultuosos como esmola no Buraco Negro de Calcut�.

N�o passa pela cabe�a de ningu�m, porque � amigo do dono da padaria, pedir-lhe fornecimento gratuito de p�o, bolo ou caf�. Mas, se a mercadoria n�o � propriamente f�sica, pagar � um absurdo, pois quem produz essas coisas vive de brisa e, ao exigir retribui��o, mostra-se um vil mercen�rio, que s� pensa em grana. At� a pirataria de livros, discos, cassetes, programas de computador e outros � vista com naturalidade e s�o considerados ot�rios os que, entre comprar o livro e pegar uma xerox baratinha do trecho que lhes interessam, escolhem a primeira op��o. E, como se as empresas e os profissionais que produzem tudo isso n�o precisassem de remunera��o, s�o at� rancorosamente acusados de gananciosos. S� que, naturalmente, no dia em que a pirataria for regra geral, ningu�m mais vai escrever, compor, desenvolver ou publicar coisa nenhuma, vai ter � que procurar um emprego que lhe d� um dinheirinho.

Posso falar de cadeira, porque, entre cada dez telefonemas, nove s�o para que eu trabalhe de gra�a. N�o � trabalho, ali�s, que trabalho � para mim escrever 40 linhas aqui, 120 acol�, ler 400 a 800 p�ginas de originais por dia, fazer palestras, dar entrevistas - e isso tudo sob a permanente press�o de n�o dar uma escorregada, porque, se der, caem de pau? N�o sou s� eu, naturalmente, � todo mundo mais ou menos de meu ramo. Meu festejado colega Mario Prata, por exemplo, acaba de receber desvanecedor convite para comentar futebol, numa cadeia nacional de televis�o. Sim, quanto pagavam? Nada, claro, ficaram at� muito decepcionados porque o Mario falou em dinheiro, pensavam que ele era sincero, ao professar amor por futebol.

E mais muitas outras ele me conta, n�o s� dele como de outros padecentes.

Quanto a mim, creio que o repert�rio atinge os �ndices ol�mpicos sem dificuldade. Tenho duas ou tr�s novidades ilustrativas. Uma � um grande banco, que est� promovendo um concurso liter�rio de monta, coisa importante mesmo. A� me telefonaram. Haver� uma comiss�o julgadora, que ler� os milhares de originais (ou livros, n�o sei bem) que certamente ser�o submetidos e far� uma triagem. Sobrar�o pouco menos de 40 t�tulos para tr�s pr�mios finais. A atribui��o desses tr�s pr�mios finais caber� a uma comiss�o de not�veis, para cuja composi��o eu estava sendo convidado. Mui honroso, pensei, mas quanto pagam por esse trabalho? Nada, obviamente, onde j� se viu? E perdi mais essa chance de participar de uma comiss�o de not�veis, n�o ag�ento mais a frustra��o.

O segundo exemplo � de um canal de tev� internacional, se n�o me engano exclusivamente a cabo, que todo mundo conhece. Est� fazendo um programa, ou s�rie de programas, sobre os 500 anos de Brasil.

Telefonaram-me (s� porque escrevi um livro chamado Viva o Povo Brasileiro, virei brasileir�logo, nunca mais me liberto disso). Eu falo ingl�s? Falo, sim, senhor. Ah, muito bem, ent�o estou convidado para dar uma entrevista em ingl�s, a ser exibida no dito programa.

Perguntas sobre o povo brasileiro, explica��es, interpreta��es, essas coisas bobas que qualquer um pode fazer em cinco minutos, com seguran�a e em ingl�s. Pois n�o, pois n�o, quanto pagam por esse trabalho? Nada, naturalmente, e l� se foi a chance de eu me exibir falando ingl�s na tev� internacional.

O pior � que tem muita gente que topa e, assim, trabalhadores como o Mario Prata e eu continuam repulsivos mercen�rios. E tamb�m se aceitam "pagamentos simb�licos", embora o supermercado da esquina se recuse a receber s�mbolos. Enfim, imagino eu, tudo pela gl�ria. No meu caso, infelizmente, tenho de deixar a gl�ria para depois, o conselheiro persiste em comer. At� mesmo porque descobri que o banco a que pago para guardar meu dinheiro (n�o digo o nome porque quem acaba sendo preso sou eu) tem um sistema de seguran�a falho, que permitiu que algu�m clonasse meu cart�o, soubesse minha senha e me depenasse aos bocadinhos durante meses. Agora tenho de me virar; vou ali, pedir uma cesta b�sica �s Musas.